O prefeito Carlos Nelson Bueno terá que procurar outra voz para representá-lo na Câmara Municipal. Após a saída do vereador Geraldo Bertanha, o Gebê (Solidariedade) do posto de líder do governo do Poder Legislativo, a vaga, que seria herdada por Maria Helena Scudeler de Barros (PSB), está vaga. Uma reunião na noite da última quarta-feira, na casa do ex-vice-prefeito e candidato a vereador nas eleições de 2016, Massao Hito, figura influente dentro do diretório municipal do PSB, sacramentou a proibição de Maria Helena aceitar o convite de Carlos Nelson, que havia sido oficializado na última semana.
Embora acate, a decisão do partido não foi encarada com bons olhos pela vereadora, que se mostrava disposta a dar apoio a Carlos Nelson, seu antigo desafeto, de olho em conquistas a nível estadual para o município e para aparar qualquer aresta junto à principal figura pública de Mogi Mirim.
A reunião extraordinária, na casa de Massao, contou com a presença de oito membros do PSB, mas sem a presença do ex-prefeito Paulo Silva, assim como do anfitrião, de prestígio ímpar dentro da legenda ao longo dos últimos anos. Destes, cinco integrantes tiveram direito a voto, e ficou decidido, por 4 votos a 1, a decisão de não permitir que Maria Helena substituísse Gebê na empreitada. O único voto contrário foi o da própria vereadora.
Na reunião, o ex-vereador e atual presidente do PSB, Luiz Guarnieri, o Luizinho, esteve presente. Embora entendesse os argumentos contrários dos demais integrantes, via com bons olhos a presença de Maria Helena como líder de bancada, já pensando em uma articulação junto ao PSDB.
Com a iminente participação do governador Geraldo Alckmin na disputa para a Presidência da República, em outubro, Márcio Franca, vice-governador e do PSB, assumiria a função, o que poderia facilitar a articulação política junto a Mogi Mirim. O fácil acesso de Maria Helena no PSDB, mesmo partido do prefeito, era visto como um dos trunfos para a empreitada.
“Nós estamos perdendo, era o momento de dar visibilidade ao PSB, acompanhar o trabalho da Prefeitura junto ao governo do Estado, mas não será possível”, lamentou Luizinho.
Entretanto, fez um contraponto e diz acreditar que o fato de Maria Helena não se tornar a líder do governo, não fará diferença em seu trabalho exercido na Câmara Municipal. “A Maria Helena já faz na Câmara o mesmo papel de como se fosse uma líder de governo, o de fiscalizar, estudar os projetos, votar com consciência. Quem discute os projetos é ela, mais dois, três vereadores. Os outros, malemá sabem”, avaliou Luizinho.
Maria Helena se diz chateada; Prefeitura não tem plano B
Na quinta-feira, Maria Helena explicou ao O POPULAR não ter ciência de que a reunião de quinta-feira seria uma votação para decidir seu futuro enquanto líder, mas sim uma oportunidade para o debate de ideias, análise da política local e do convite em si.
Mesmo sem mostrar apreço pela decisão, afirmou que irá respeitar o consenso do partido, e continuar seu trabalho no Legislativo da mesma forma, tendo a fiscalização e entendimento de projetos e demais assuntos como seu forte. Mas, fez uma ressalva. Confirmando as rusgas com o prefeito no passado, acredita este ser o momento de dialogar e afastar qualquer polêmica, pensando no bem da cidade.
“O que eles não querem é a liderança, tentei convencê-los de que podemos apoiá-los e criticá-los. Chateia (a decisão), porque com o tempo você vai melhorando, amadurecendo. Se tive um difícil relacionamento (no passado) e hoje não tenho mais é porque houve um esforço para amadurecer. Mas, para não aborrecê-los resolvi acatar essa decisão”, ressaltou.
“As coisas mudam, você vê um prefeito diferente, que está precisando de um Executivo e Legislativo que se deem bem”, completou.
Em nota, a Prefeitura diz respeitar a decisão de Maria Helena e reforçou a admiração no trabalho exercido pela vereadora. Um novo nome para o cargo ainda não é vislumbrado. “O prefeito não tem intenção, no momento, de indicar um nome para sua liderança na Câmara, o que deve acontecer em momento oportuno”, destacou.