Ex-jogador de basquete do Colégio Imaculada e Clube Mogiano, Marco Cesaroni da Silva, o Marquinho, de 27 anos, recorda o período em que foi comandado pelo técnico e ídolo João Banana, dos 11 aos 16: admiração e histórias.
Boteco – Quando começou sua paixão pelo basquete?
Marquinho – Sempre gostei de esporte desde muito menino. Inclusive eu tenho uma foto minha com três, quatro anos batendo uma bola de basquete. Quando o Banana abriu uma turma no Colégio Imaculada, eu fui. Comecei a me apaixonar.
Boteco – Como foi o aprendizado com João Banana?
Marquinho – Ele foi sensato porque ali ninguém sabia nada, nunca tinha tido contato com o basquete. A didática que ele teve foi muito interessante, de realmente ensinar os fundamentos, o beabá. Porque ele ensinou mesmo do básico ao profissional. A gente chegou a disputar campeonatos, em Aguaí, Americana, Itapira.
Boteco – Como vocês foram nos campeonatos?
Marquinho – A gente tomou pau para caramba. Eu lembro uma vez que fomos jogar em Aguaí e a gente achava que jogava para caramba. E não jogava nada ainda. E os caras jogavam. E a gente chegou lá mala, fechamos as cortinas do busão, nosso primeiro campeonato. E a gente chegou a tomar jogo de mais de 100 pontos a 25, foi engraçado, a gente voltou com o rabinho entre as pernas. Foram três dias, a gente ia e voltava. A gente ficou um tempo sem disputar, o Banana acho que pensou: esses caras precisam melhorar.
Boteco – O Banana ficou bravo, dava bronca?
Marquinho – Ele ficou muito cabreiro. Dentro de quadra, de técnico, ele é do tipo que dá murro na mesa, fica p…, xinga. É tipo um Bernardinho, mas depois ele relaxava.
Boteco – Sua camisa 14 foi inspirada no Banana?
Marquinho – O Banana sempre jogou com a 14, que era o número do Oscar Schmidt. E o Banana pegou isso dele por considerar ele um ídolo. O Banana sempre foi um cara que fez muita cesta de três, assim como o Oscar que foi o maior cestinha de três do Brasil. E o Banana era meu modelo de jogador, porque eu não vi o Oscar jogar tanto. Para mim sempre foi um mestre. Então acabei pegando a 14 pra mim.
Boteco – Você também gostava de tentar de três?
Marquinho – Mandava muito, tanto que nos primeiros campeonatos, eu cheguei a ganhar uma medalha de revelação, de incentivo. E ninguém metia cesta de três naquela época, eu desde o começo, sempre gostei e treinei muito isso.
Boteco – Mais histórias com Banana?
Marquinho – Tem a do jogo de 21. É jogo parado, só arremessando e quem fizer 21 ganha. Eu joguei a vida inteira contra ele e ganhei uma vez só. Foi uma alegria. E nesse dia, a gente tinha apostado umas brejas, mas ele não pagou até hoje (risos). Mas eu devo umas para ele também.
Boteco – Qual a importância dele para o basquete da cidade?
Marquinho – Total, durante o tempo que ele se dedicou, foram bons anos de basquete em Mogi e a galera que treinou com ele aprendeu muito. Foi fundamental, não consigo falar de basquete em Mogi sem lembrar de Banana. Sempre foi um cara que dá para perceber que ele ama mesmo o esporte.
Boteco – Você acha que às vezes falta reconhecimento?
Marquinho – Eu acho, às vezes falta um pouco sim. Banana tem o jeitão dele muito próprio e às vezes eu acho que as pessoas não compreendem. É um cara lutador pelo esporte, coração maravilhoso, mas tem muita gente que não conhece. Já vi muita gente falar: “Banana é chato para caramba”. Eu não acho, acho ele fenomenal para o esporte, admiro demais, tanto que nunca treinei com outro, para mim é o cara.
Boteco – Marquinho volta para contar episódios em campeonatos: atrito com Banana, farra e conquista surpresa.