No último capítulo de seu bate-papo no Boteco, Marquinho Cesaroni, ex-jogador de basquete e hoje vocalista da banda Beijo de Hera, compara a emoção das quadras à dos palcos.
Boteco – Você tinha sonho de ser profissional do basquete?
Marquinho – Eu tive, mas nunca tive tamanho, foi algo que me frustrou. Eu tenho 1,65 metro.
Boteco – Depois você foi para música?
Marquinho – Foi bem nessa época, eu comecei a parar de jogar basquete e a música foi crescendo.
Boteco – Você se formou em fisioterapia, também atua na área?
Marquinho – Não. Sou formado, mas não atuo porque já vai fazer 10 anos que estou na carreira musical e sinto que tenho muita coisa a fazer ainda, meu foco é música.
Boteco – Quando você está cantando chegam algumas pessoas que se lembram do Marquinho do basquete?
Marquinho – Sim, tem uma galera que eu encontro até hoje que jogava comigo. Estou lá no Tia Nena tocando, tomando uma depois do show, sempre encontro alguém que jogou comigo, a gente lembra histórias, tem uma galera que lembra que eu jogava.
Boteco – Qual era seu estilo? Você era provocador?
Marquinho – Sossegado, mas eu gostava de dar uns dribles da hora. Fazia umas gracinhas, mas nada muito provocador. A galera gostava de me ver jogar, eu gostava de dar vão de perna, galera vibrava.
Boteco – No basquete, você tinha que se preservar pelos jogos de manhã. Na música você não tem tanta cautela quanto às baladas porque você já trabalha na noite?
Marquinho – Sim, hoje é uma coisa que está dentro do pacote da night, é difícil a gente subir num palco com a cabeça vazia (risos). A gente sempre toma alguma coisinha, dar um relax. Porque subir no palco não é fácil, não.
Boteco – Como você compara subir no palco a entrar na quadra?
Marquinho – Mesma coisa, rola nervosismo, porque é uma responsa, quem está dentro de uma quadra, em cima de um palco, está sendo observado, tem gente assistindo. As pessoas estão te olhando, se você der um vacilo…
Boteco – Depois que começa, passa a ansiedade?
Marquinho – No palco, eu costumo dizer que o nervosismo dura uma música. A primeira de qualquer show, geralmente canto de olho fechado, aí passa, segunda música já estou de boa. No basquete é o início do jogo, eu tinha medo. O juiz joga para cima e rola a disputa dos dois, eu sempre ficava com medo da bola vir na minha mão, porque começar comigo, eu preferia sempre que caísse nas mãos de outros, os primeiros movimentos a gente não sabia o que ia acontecer.
Boteco – Há também a semelhança de mudar a tensão em uma partida mais importante ou em um show em local novo?
Marquinho – Sim, tem semelhanças para caramba, tem shows mais importantes, que repercutem muito mais para carreira, para banda ou para mim, solo. Na quadra também, tem jogos que ali é sua chance, você tem que ganhar, jogar bem.
Boteco – Não tem o adversário, mas tem a torcida…
Marquinho – É. O meu adversário no palco talvez seja o público. Você vê 200 mil pessoas na sua frente e é para elas que você está ali, eu tenho que fazer ele dançar, curtir. É um adversário que eu tenho que conquistar e muitas vezes ele acaba virando uma torcida, porque depois, ele chega para você e vira seu fã, tem uma galera que tem seguido a gente. Realmente tem várias semelhanças, nunca tinha parado para pensar nisso.
Boteco – Valeu Marquinho!