terça-feira, novembro 19, 2024
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Matheus da Silva é campeão no Cazaquistão

O pugilista Matheus da Silva, do projeto Arte da Luta, colocou o nome de Mogi Mirim em destaque no boxe internacional. No último final de semana, ele sagrou-se campeão do Intercontinental Jovem do WBC (World Boxing Council), o Conselho Mundial do Boxe. O cinturão foi conquistado no Cazaquistão, país da Ásia Central, onde venceu a luta contra o campeão cazaque Yelkhan Tabynbayev, de 22 anos, na Almaty Arena, em Almaty, por decisão unânime dos juízes.

Matheus está no Arte da Luta desde 2014. Em 2018, se tornou boxeador profissional. Nessa caminhada, foram sete combates e sete vitórias, resultados que o tornaram campeão brasileiro dos meio-pesados e internacional pela UBO (Universal Boxing Organization). Porém, a luta mais importante da carreira estava a caminho. E ela veio no domingo, 11, na disputa do título Intercontinental Jovem pelo WBC, a maior organizadora de boxe do planeta. A disputa do cinturão é limitada a lutadores de até 23 anos e 11 meses.

O adversário, assim como Matheus, estava invicto na carreira profissional, com um cartel de cinco vitórias em cinco lutas. E mais do que isso: Yelkhan é ídolo no Cazaquistão, já que brilhou enquanto lutador amador. Mas Matheus soube usar as adversidades a seu favor e venceu o combate por pontos.

De volta a Mogi Mirim, concedeu entrevista à imprensa ao lado de Márcio Evandro Ribeiro, responsável pelo Arte da Luta e seu treinador. Os dois falaram sobre a saga que enfrentaram para trazer o título mais importante da história do boxe em Mogi Mirim.

“Foi realmente uma saga, porque fomos lutar em um país completamente diferente, culturalmente diferente, com uma religião diferente, a 20 mil quilômetros de distância, 20 horas de voo, menos 18 graus de temperatura. Mas tudo valeu a pena para buscar o título Intercontinental WBC Jovem, um título muito desejado”, destacou Márcio.

Ele contou que, apesar do frio extremo, foram recebidos por um calor humano jamais visto na modalidade. “Fomos muito bem recebidos, eles são bem receptivos, nunca fomos tão bem tratados. Nos colocaram uma tradutora à disposição, assim como um segundo, uma espécie de assistente para me ajudar. Nos vestiários, havia uma bandeira do Brasil na parede principal. Deixou a gente bem emocionado, mostrando a importância que deram para a gente, todo capricho e carinho com a gente”, comentou.

Dentro do ginásio, no entanto, cerca de 25 mil torcedores gritando o nome do atleta da casa. “Isso não mudou nada, porque o Matheus lutou muito, ganhou muito bem, não teve nenhuma dúvida. Tanto que os torcedores aplaudiram o Matheus de pé e a organização reconheceu a nossa vitória. Eles são bem justos”, citou.

O boxeador mogimiriano contou que procurou estudar o adversário no primeiro round, adaptando-se ao ritmo da luta e ao estilo do lutador oponente para, a partir do segundo round, aplicar seu estilo agressivo, impondo pressão ao adversário. “Fui crescendo ao longo da luta, a cada round, ele apanhava mais”, brincou.

Márcio revelou duas preocupações para a luta. A primeira foi por conta de um corte no supercílio e no lábio que Matheus sofreu em treino a um mês e meio da viagem. Os ferimentos foram cuidados e cicatrizados. Porém, quando foi liberado para treinar, o corte no supercílio abriu novamente. Matheus foi obrigado a fazer novo tratamento para cicatrização, a apenas 15 dias da luta.

“Ele viajou com essa sensibilidade para lá. E a minha preocupação era de abrir novamente. E abriu no primeiro round. O árbitro poderia encerrar a luta, porque estava dentro das regras. Mas, o cuidador que nos arrumaram estancou o sangramento e o Matheus continuou a luta. E lutou como nunca”, ressaltou.

A outra preocupação foi com o peso. O título estava disponível para a categoria super-médio, de até 76.204 kg, e Matheus é, originalmente, da categoria meio-pesado, de até 79.379 kg. Para isso, teria que se submeter a uma corte severo de peso. O plano era diminuir cinco quilos entre o embarque, na quarta-feira, 7, até a pesagem, no sábado, 10. Assim, todo trabalho de desidratação para perda de peso aconteceu no avião, durante o voo. Matheus teve que ingerir cinco litros de água por dia. Ele teve o auxílio suplementar de minerais para não sofrer com esse processo.

Todas as adversidades se tornaram um incentivo para que Matheus trouxesse esse título para Mogi Mirim. “A gente ia ganhar essa luta, porque nos preparamos para isso e a missão era essa”, apontou Márcio. Matheus disse que ainda está vivendo como se fosse um sonho. “Vou precisar de um tempo para assimilar, para entender o que aconteceu. Já assisti várias vezes a luta e só estou saboreando essa vitória. Ganhar do cazaqui, na casa dele e tirar a invencibilidade dele, é algo indescritível”, contou.

O campeão terá folga só até domingo, 18, já que retorna aos treinos na segunda-feira, 19. E para 2023, a disputa será pelo título sul-americano adulto. Márcio informou que fez a solicitação da disputa e agora busca um adversário que esteja habilitado para esse combate, que deve ocorrer até março. “Vamos trabalhar forte para que a gente faça essa luta aqui em Mogi Mirim”, adiantou.

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