sábado, novembro 23, 2024
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Médico Carvalhal recorda histórias com ex-treinadores do Mogi Mirim

No último capítulo de seu bate-papo, o ex-médico do Mogi Mirim, Alexandre Carvalhal, recorda histórias curiosas com treinadores e a experiência de atender adversários.

Boteco – Às vezes, você tinha que atender jogador adversário também?

Alexandre – Sim, já fiz muito, eu corria pros dois times. Eu tive que já fazer muita sutura em atleta, cara corta cabeça, tanto nosso quanto de outros times que às vezes vinham sem médico. E daí quando eu falei tem que trocar o jogador, que era do outro time (risos)… O técnico começou a me xingar. “Você tá louco, doutor, seu cavalo, veterinário”. E o cara estourado o joelho, não aguentando, tanto é que saiu, depois não aguentou.

Boteco – E tirando a tensão com os jogadores, você se preocupava com o jogo também? Às vezes xinga, dá uma orientação?

Alexandre – Sim. Às vezes, a gente extrapola um pouco, no começo era mais, depois, você vai vendo, né? Chega uma hora, no segundo tempo, por exemplo, que os jogadores vão aquecer e ficam no banco eu, o auxiliar técnico e o massagista, só nos e o técnico ali na frente. Então, a gente conversa entre a gente e os atletas estão lá, só se tiver algum substituído. E a gente, com o tempo, se envolve no campeonato. A gente precisa de uma vitória, aquele jogador saiu do DM agora, eu quero que ele vá bem, ou um jogador que voltou de uma cirurgia que a gente faz, ele tem que ir bem, a gente se envolve. Essa adrenalina… eu imagino o jogador.

Boteco – Em algum momento, você chegou a opinar pro técnico?

Alexandre – Às vezes, tentava: “Oh, parece que ele tá meio cansado, hein, professor?”. A gente queria que trocasse o atleta. “Tá meio cansado, tá afogado já, hein”. “É, também, acho, troca, chama o fulano”. Puta, deu certo. Ou então a gente falava pro auxiliar: “O cara tá mal. Põe outro que tá voando”. Um cara muito bom é o Sérgio Guedes. Excelente, ele e o Everaldo, auxiliar, uma dupla que deu certo. Essas histórias de trocar, a gente falava pro Everaldo, Everaldinho. Aí o Everaldo falava: vou falar assim, assado. Aí o Everaldo falava pro Sérgio e o Sérgio fazia o que o Everaldo falava, então funcionava. Era legal. Mas a gente se continha um pouco, lógico que no gol, pulava, gritava, mas, às vezes, dá vontade, de “corre, pega”, mas não é nossa parte, não é nossa praia, isso era para o técnico.

Boteco – Alguma história com o Serrão?

Alexandre – Serrão é um querido, sensacional. Véio da bola, macaco velho, raposão, sabe muito. Tem a preleção. Antes da gente sair pro jogo, faz uma reunião quando o técnico fala quem fica na barreira, quem vai fazer isso… Eu acompanhava, porque sempre gostei de ver como eles falavam. E cheguei neste dia no hotel, não sabia a sala, tava arrumando a mala médica e cheguei cinco minutos depois, sentei lá no fundo e o Serrão me deu aquela carcada: “Oh, doutor, a próxima vez, você não entra”. “Perdão, Serrão”. Deu 2 minutos, chega o Simplício, gerente de futebol. Pensei: agora, quero ver. Falou pro Simplício: “Da próxima vez, nem precisa vir”. Jogadorzada até aplaudiu. Mas é o comando, tá certo. Ele me chamou atenção como médico do clube, na frente de todo mundo, eu não melindrei, achei certo, eu errei. E depois entrou o gerente que também é amigo e ele pau no gerente, era um cara que tinha comando, gosto bastante do Serrão.

Boteco – Lembra alguma história do Givanildo?

Alexandre – Eu tava no hotel meio de bobeira, não conseguia mais ficar no quarto, subi pro centro do hotel, o Givanildo tava chamando um zagueiro nosso, só ele e o zagueiro, para falar que o zagueiro não ia jogar, que ele tinha optado por outro. E esse zagueiro era extremamente agressivo (risos). Falei: nossa. E cheguei na hora dele falar e só tavam os dois ali. E peguei o lance, fiquei meio perdido. Mas a classe que o Givanildo falou, desmontou o cara. O cara falou: “Oh, professor, tudo bem”.

Boteco – Valeu, Alexandre!

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