Por Nelson Patelli
Eu vi e com certeza muitos de meus leitores, fatos de nossa querida Mogi Mirim e ocorridos há cerca de meio século.
Na Rua José Bonifácio, o “Bar das Normalistas” do Clementino Diogo, recebia estudantes do Colégio Imaculada e da Escola de Comércio, oferecendo seus saborosos canudos recheados de doce de leite e côco, chocolate quente, arroz doce e outras guloseimas.
Na Praça Rui Barbosa, a “Sorveteria do Genário” concentravam a irrequieta “ Turminha do Sorvete” e que adentrava o estabelecimento com o estardalhaço próprio da juventude, alegrando o ambiente.
Eu encomendei um terno de linho irlandês, coqueluche da época, na “Alfaiataria A Elegância” do Antonio Caetano, pai do Rubens e do Lélis, meus saudosos amigos. O estabelecimento ficava na Rua 15 de novembro e além da confecção de ternos, vendia camisas, capas, blusões, meias, guarda-chuvas e gravatas.
Tudo era festa na Praça Rui Barbosa, com as mocinhas e rapazes flertando durante o concorrido e saudável “footing”, girando pelas floridas vielas de nosso maravilhoso jardim. As moças circulavam pela direita e os moços pela esquerda, numa tradição somente quebrada pelo historiador Antenor Ribeiro, o “Monógrafo Filemon”, e que, como solteiro convicto ocupava o centro das passarelas tentando chamar a atenção com seus passos marciais e brandindo sua indefectível bengala. Chamava realmente a atenção pela sua figura excêntrica, mas bem trajada, com elegantes roupas e aplumado chapéu. Era no famoso “footing” que se iniciavam namoros e os chamados “pegar o bonde”.
Presenciei a inauguração da Casa da Criança e Dispensário Nossa Senhora, à Rua Marciliano, em 1948. Na época era presidente a Sra. Edith Bastos Brito e secretária a Sra. Branca Marcondes.
Eu conheci os vereadores que compunham a Câmara Municipal de Mogi Mirim na década de 50. Era Presidente Nagib Chaib e entre os vereadores estavam Hermínio José Masotti, Dr. José de Abreu Prado, Alcindo Barbosa, Bépe Albejante, João Batista Garros (meu tio), Antonio José Peres Marques, Mário Mello do Prado, Valdemar Zingra, Luiz Franklin Silva, Pedro Ferreira Alves e outros cujos nomes não me lembro no momento. Eram 25 vereadores no total.
Lembro que há 60 anos, o município de Mogi Mirim era composto da sede e mais quatro distritos: Conchal, Artur Nogueira, Posse de Ressaca (hoje Santo Antonio de Posse) e Jaguari (atual Jaguariúna). Anos depois foi desmembrada Mogi Mirim e constituídos como municípios autônomos.
Convivi com uma figura popular e que era motivo de brincadeiras e chateações da mocidade mogimiriana. Refiro-me ao Déca, que tinha em seu currículo pessoal o fato de NUNCA ter trabalhado na vida!!! Ele detestava quando alguém lhe perguntava quando ia começar a trabalhar. Em resposta dizia: No dia de São Nunca! Morreu cansado de não fazer nada…
Túnel do Tempo – 17 de julho de 1952- Contando com a presença do Governador Lucas Nogueira Garcez, prefeitos, vereadores, bispo diocesano, secretário da justiça do Estado de São Paulo, presidente do tribunal de justiça, juízes de direito, outras autoridades e o povo em geral, foi comemorado o Centenário da Comarca Judiciária de Mogi Mirim. O salão do júri recebeu uma placa comemorativa e após a sessão solene discursou o Dr. Luiz Antonio da Gama e Silva.
Preceitos Bíblicos – “Irmãos. Bem sabeis como deveis seguir o nosso exemplo, pois não temos vivido entre vós na ociosidade. De ninguém recebemos de graça o pão que comemos. Pelo contrário, trabalhamos com esforço e cansaço, de dia e de noite, para não sermos pesados a ninguém. Quem não quer trabalhar, também não deve comer, pois ouvimos dizer que entre vós há alguns que vivem à toa, muito ocupados em não fazer nada.” (São Paulo aos Tessalonicenses 2,7-11).
Legenda da foto – O XIXI DOS MENINOS – Com idades entre 3 a 5 anos, eles tem reações diversas: o primeiro está na dúvida, o segundo, mais recatado, cobre com o chapéu, o terceiro, desinibido e à vontade, deixa as águas rolarem e aumentando o volume do córrego. Amigos, eu vi! E fotografei, em 1966.
