A maioria das cidades brasileiras, grandes ou pequenas, possui e com grande orgulho suas bandas musicais. Chico Buarque de Holanda celebrou essa tradição em uma de suas mais belas composições: “Todo domingo, havia banda, no coreto do jardim…”. Mogi Mirim também ostenta expressivo histórico relativo às corporações musicais, com mais de um século e meio de existência!
O historiador Pedro de Mattos conta que por volta de 1860 existiu uma corporação intitulada Banda Mogiana, dirigida pelo maestro Joaquim Pereira da Cunha, apelido Quincas, músico que por cerca de 30 anos manteve a Banda e até o seu falecimento. Seria, talvez, a nossa primeira corporação musical!
Em 1878, surgiu a Sociedade Artística Musical Sete de Setembro, tendo como maestro Serafim Rangel. Em 1879, foi fundada a Banda Clube Euterpe, mantida pelo comércio de Mogi Mirim, dirigida pelo maestro Leopoldo Ladeira, por longos anos. Sobre essa Banda, escreveu o jornal O Mogyano, em edição de seis de outubro de 1906: “A cidade não pode ficar sem os costumeiros concertos musicais, que atraem para o jardim público toda a população, que se delicia com essas agradáveis serenatas. O povo de Mogi Mirim suporta todos os desatinos dos administradores da cidade, mas sem música é que não pode ficar!”. O jornal referia-se a rescisão de contrato da Câmara Municipal com a Banda Euterpe, em 1906.
Em 21 de outubro de 1888, foi inaugurada a PhilarmônicaMogymiriana e, que entre outros, foi dirigida algum tempo pelo maestro Joaquim Azevedo. Esse mestre e que residiu por muitos anos em Mogi Mirim foi autor da lendária valsa “Eterna saudade” e que foi entoada por muitas mães, cantarolando a letra musical tendo ao colo seus filhos: “Dorme, dorme, filhinho, meu anjinho inocente, dorme queridinho, que a mamãe fica contente…”.
No século vinte, surgiram outras corporações musicais na cidade: a Banda do Instituto de Menores, composta por jovens internados no Instituto e que fez grande sucesso nos desfiles e festividades de Mogi Mirim; a Banda União dos Operários e que, como o próprio nome diz, congregava músicos oriundos da indústria, do comércio e da construção civil, participando por muitos anos no brilhantismo musical da cidade.
Na década de quarenta foi fundada a Corporação Musical União Santa Cecília e que por mais de 30 anos alegrou os mogimirianos com retretas no coreto da Praça Rui Barbosa e festividades em geral. Um de seus maestros foi Alberto de Souza Brito. Antes de adentrar o correto, a Banda costumava fazer um giro pela praça. Lembro de alguns músicos: Nabor Rocha, Luiz Milano, o contrabaixista Gabriel Armelini e o clarinetista Bastiãozinho, este último, figura folclórica de metro e meio de altura e vindo a frente de todos os músicos, com seu clarinete sendo uma espécie de estandarte!
Nos anos sessenta, surgiu a Corporação Musical São José, conhecida popularmente como Banda dos Meninos, pois a maioria era de menores de idade, na faixa de 12 a 16 anos. Foi grande sucesso e tinha como fundador e maestro, o tenente Euclydes da Cunha.
Finalmente, em 10 de agosto de 1985, há exatamente 30 anos, foi fundada a Banda Musical Lyra Mogimiriana e tendo como regente o jovem maestro Carlos Alberto Rodrigues de Lima, o Carlinhos Lima e que consolidou a corporação musical, cujo número de músicos cresceu e atualmente é um orgulho de nossa cidade, conservando a tradição das bandas de cá.
Túnel do Tempo: Em cinco de setembro de 1952, pela lei n°132, o Prefeito Municipal José TheófiloAlbejante promulgou decreto da Câmera dando o nome de Rua Maestro Azevedo, ao trecho compreendido entre a Praça Duque de Caixas e a Rua Monsenhor Nóra.
Preceitos Bíblicos: “Vinde, exultemos de alegria no Senhor e ajoelhemos ante o Deus que nos criou! Porque ele é o nosso Deus, nosso Pastor e nós somos o seu povo e seu rebanho, somos as ovelhas que conduz com sua mão. Ele é o rochedo que nos salva, com cantos de alegria o celebremos!”. (Salmo 94).
Legenda da Foto: Banda União dos Operários, dirigida pelo Maestro Leopoldo Ladeira. Essa corporação musical fez grande sucesso nas primeiras décadas do século passado.