Quem tem mais de 60 anos deve ter visto muita coisa que vou contar, mas os mais jovens desconhecem. Vou matar as saudades dos mais velhos e acrescentar um pouco da história de Mogi Mirim à juventude.
No início da década de 50, a família Ajub de Mogi Mirim hospedou o deputado argentino Rozendo Ajub, seu parente do país vizinho e onde era deputado federal. Ficou alguns dias na cidade, na casa de seus primos brasileiros.
Eu vi a abertura da Loja Eletroluz, de Gutemberg Marangoni e localizada à Rua Padre Roque. Nela trabalhei cerca de um ano e foi meu primeiro emprego, aos 12 anos, no escritório e às vezes no balcão. Gute, o proprietário, era excelente pessoa e muito amigo de meu pai.
Eu conheci os antigos médicos que tinham clínicas na cidade ou que faziam parte do corpo médico da Santa Casa. Lembro dos doutores Marcelo Orlandi e Antonio Albejante (médico da minha família), Olímpio Ferreira de Brito, Carlos Gilherme Hofling, Eduardo Bergo, Hermes Netto de Araújo (anos depois meu colega na diretoria do clube mogiano), Norberto Araújo Coelho e outro. Na época, a cidade possuía poucos médicos, cerca de uma dúzia.
Na década de 50, frequentei os bailes de carnaval do Grêmio Mogimiriano e do Clube Recreativo. Eram animadíssimos, tanto os de adultos como as matinês infantis, com grandes foliões. Recordo dos Reis Momos de 1952: Flavio Toledo e Waldemar Toledo e das Rainhas do Carnaval, Geralda Silveira Bueno e Maria Zanetti, respectivamente, do Clube Recreativo e do Grêmio Mogimiriano.
Eu vi o Zé Mococa com seu tabuleiro cheio de guloseimas e vendendo seus doces defronte o Cine São José. Cidadão simples, humilde e sempre bem humorado. Tinha um jargão que repetia a todo instante e pronunciado mostrando seus dentes branquíssimos contrastando com a pele escura: Pó Dexa, Pó Dexa!
Amigos eu vi e ouvi muitas vezes as apresentações da Orquestra Recreio de Mogi Mirim e que abrilhantava bailes e festividades nos clubes e eventos realizados na região. Destaque para o “crooner” Heraldo Alvarenga, com sua voz de grande sonoridade e beleza, entoando os sucessos musicais da época.
Eu vi a inauguração da ZYR-26-Rádio Cultura de Mogi Mirim. Atuava em 1.110 Kilociclos e possuía uma discoteca com mais de 3.500 discos, os antigos e bons “bolachões” de acetato. Seu gerente e fundador era o Pintaca, tendo como diretor Antonio Carlos de Abreu Sampaio, locutores Geraldo Ferreira Lima, Flávio Silva, Simão Horácio Bottesi, Benedito Rocha (Dito Sabão) e Orlando Bronzatto. Dois anos depois passei a integrar o “cast” de locutores, juntamente com Vivaldo Marciano, Valter Brunialtti e Gastão Dellafina de Oliveira. Eu estava com 17 anos.
Eu presenciei as grandes festividades do 1º Centenário da Comarca Judiciária de Mogi Mirim, no dia 17 de julho 1952 (Foi criada em 17/07/1852).
A décima mais antiga do Estado de São Paulo, compreendia os municípios de Casa Branca, Serra Negra, Brotas, São Simão, Caconde, São João da Boa Vista, Rio Claro, Mogi Guaçu, Santa Rita do Passa Quatro, Itapira, Limeira, Pinhal e Araraquara. Nas festividades estavam presentes o Governador paulista Lucas Nogueira Garcez, o Senador e jornalista Assis Chateaubriand, o Bispo D. Paulo de Tarso Campos, o Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Gomes de Oliveira e Outras altas autoridades.
Túnel do Tempo – Em 1958 Mogi Mirim possuía 8 estabelecimentos bancários: Banco Comercial do Estado de São Paulo, Banco Moreira Sales, Banco do Estado de São Paulo, Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina (INCO), Banco Artur Scatena, Banco Federal de Crédito, Caixa Econômica Estadual e Caixa Econômica Federa