Sem dúvida alguma, considero como o fato mais importante de nossa história – A fundação da Ferrovia Mogiana, pelos aspectos que envolveram esse acontecimento e pelo extraordinário realce no cenário paulista.
Acredito que muitos mogimirianos ignoram que essa estrada de ferro nasceu em Mogi Mirim e por esse motivo tem o nome de Mogiana. Foi uma iniciativa dos cafeicultores de nosso município para modernizar o transporte crescente da produção do ouro negro na cidade e região. O antigo transporte do café era realizado por tropas de mulas, carros de bois e carroções, demandando grande perda de tempo e onerando custos elevados de fretes, até chegar ao porto de Santos.
No ano de 1.870, Mogi Mirim possuía cerca de 16 milhões de cafeeiros e que constituíam a maior riqueza do município. Pensando num meio mais prático e barato para escoar essa produção de café, no ano de 1.872 os fazendeiros de Mogi Mirim realizaram diversas reuniões preliminares, estudando a possibilidade da fundação de uma ferrovia.
Finalmente, no dia 5 de maio de 1.872 e tendo como local o solar do Coronel Guedes, foram subscritas 1.035 ações iniciais por 15 cafeicultores de Mogi Mirim, 5 de Campinas e 1 de Amparo, que foram nomeados para uma comissão destinada a promover a inscrição de novos acionistas.
Organizado um projeto, ele foi encaminhado para a apreciação da Assembleia Provincial, o que aprovou, concedendo privilégios e garantia de juros à empresa que levasse a efeito o primeiro trecho entre Campinas e Mogi Mirim, com um ramal até Amparo.
Em 1° de julho de 1.872, foram aprovados os estatutos e contratos. Posteriormente, aconteceu a aprovação oficial do governo paulista em 13 de novembro de 1.872. Nesse mesmo, ano teve início a colocação dos trilhos e construção das estações de passageiros, sendo que a de Mogi Mirim foi a primeira a terminar as obras do prédio. A inauguração da Mogiana ocorreu em 27 de agosto de 1.875.
Com a passagem dos anos, a Companhia Mogiana teve crescimento notável e atingiu um percurso de 759 quilômetros em 1.888 e, em 1.923, chegou a 2.014 quilômetros de linhas férreas, chegando a ser a estrada maior do Brasil!
Com a crise financeira mundial de 1.929, a Companhia Mogiana teve acentuado declínio de transporte, com sensível queda em suas receitas, agravados pelo envelhecimento de suas instalações, vagões e locomotivas. Por esse motivo, entre os anos de 1.952 e 1.961, durante as gestões dos governadores Lucas Nogueira Garcez e Carvalho Pinto, diversos trechos foram desativados e, em 1.971, o governo estadual criou por decreto a Fepasa, unificando todas as ferrovias paulistas e que acabou com a centenária tradição da Companhia Mogiana e que deixou de existir com esse nome!
A pá de cal foi jogada com a criação da Ferroban em 1° de janeiro de 1.999, sendo que o último trem de passageiros correu em Mogi Mirim no dia 10 de setembro de 1.997. A cidade que idealizou, fundou e administrou a Companhia Mogiana, acabou ficando sem trens, numa triste ironia dos tempos!
Restou apenas como símbolo dessa ferrovia, a antiga estação. Reconhecendo seu valor histórico, de um prédio original e centenário, a Câmara Municipal aprovou e foi sancionada a Lei n° 1.631, tombando o edifício com normas e restrições, submetendo ao CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo, a aprovação de qualquer mudança e restauração.
Mas, anos depois e em uma gestão administrativa recente, não foi observada essa lei e que foi deixada de lado, ocasionando um projeto biônico, isto é, metade original e metade modernista!
Túnel do Tempo: Em 8 de setembro de 1887, é inaugurado o serviço de abastecimento e distribuição de água potável em Mogi Mirim, comemorando com grandes festejos e alegria popular.
Preceitos Bíblicos – “Sabemos que quando Deus aparecer, seremos semelhantes a ele, porquanto nós o havemos de ver como ele é. Todo o que permanece nele não peca, e todo o que peca, não o viu nem o conheceu”. (I João 3, 2-7).
Legenda da Foto: Uma das antigas locomotivas acionadas pela combustão de lenha. Carregando numerosos vagões, elas levavam o progresso às cidades localizadas em seu trajeto, com o transporte de mercadorias e pessoas. Por cerca de meio século, a “Maria Fumaça” foi utilizada pela Companhia Mogiana.