“A política é uma grande mentira!”, pensam os céticos e críticos do sistema que entendem política como arte da dissimulação. Não estão longe da verdade, porque (ressalvadas algumas poucas exceções) governantes, políticos, dirigentes de partidos usam abusivamente desse expediente imaginando ser o povo ignorante e incapaz de perceber. Mentem por interesse pessoal, para encobrir malfeitorias, para eximir-se de responsabilidades na tentativa de justificar erros e fracassos.
O ato mais recente foi protagonizado pela senadora Marta Suplicy (SP) cofundadora do PT, partido pelo qual se elegeu deputada, prefeita, senadora e conseguiu comandar (sem muito brilhantismo) ministérios. Pediu desfiliação e saiu atirando para todo lado, criticando a legenda por desvirtuamento de programa e seus dirigentes e líderes por isolá-la politicamente. Até o governo Dilma, a quem ela servia, mereceu ásperos reparos. O que Dona Marta não disse e deveria dizer em nome da verdade é que perdeu seu espaço na sigla para futuras disputas a novos mandatos. Preferiu sair como vítima e ficar “de boa” com seu eleitorado.
A mentira desgasta, logo a verdade aparece e aprofunda o descrédito do mentiroso. Há casos de governadores que no período eleitoral apresentavam cenário excepcional em seus Estados e hoje enfrentam manifestações e protestos. A própria presidente Dilma, também no afã de se reeleger, levou ao eleitorado mensagens inverídicas. Chegou a anunciar o “governo da educação” e logo faltou verba para o FIES, frustrando milhões de jovens (mais sincero foi o ministro da Educação, Janine Ribeiro, que declarou, convincentemente, “o recurso acabou, não existe dinheiro”).
Para a presidente as mentiras eleitorais proporcionaram-lhe a reprovação mais estrondosa na avaliação de um governo nas últimas décadas, constrangendo-a a ponto de não poder aparecer na televisão temendo mais protestos e panelaços. Recentemente, um governador teve o nome de um parente envolvido em irregularidades. Em vez de aceitar o fato e dizer que a apuração policial e a decisão judicial, em caso de culpa, deveriam ser cumpridas e respeitadas, preferiu negar. Dias depois as denúncias se confirmaram, o governante se viu em saia-justa e não mais pôde justificar o injustificável. São casos quase rotineiros na mídia.
Os políticos deveriam entender que o recomendável é não mentir, dizer a verdade com sinceridade e com isso agregar apoios nos momentos difíceis. Deveriam, também, lembrarem-se do dito popular que afirma: “a mentira tem pernas curtas”. Tão curtas que para alguns ela é pega dias ou semanas depois, para outros perdura até a próxima eleição.
Luiz Carlos Borges da Silveira é empresário, médico e professor. Foi Ministro da Saúde e Deputado Federal