A alta nos juros de financiamento bancário e a restrição ao crédito estão tornando o sonho de comprar a casa própria cada vez mais difícil. Sem sinais que vai esmorecer, a crise econômica afeta novamente o mercado imobiliário com uma nova rodada de aumento de juros.
Os principais bancos públicos elevaram os juros para o crédito imobiliário, como parte da estratégia do governo para conter a inflação que incluem, também, os aumentos da taxa Selic, os juros básicos do país.
Isso significa que o financiamento para a casa própria, que foi o principal motor do boom imobiliário entre 2009 e 2013, vai ficar mais restritivo. A expectativa geral é que, com o crédito mais caro, o ritmo de crescimento nos financiamentos vai diminuir. Isso porque as instituições públicas respondem por mais de 70% de todo crédito imobiliário no Brasil.
Saiba mais quais foram as mudanças anunciadas:
Caixa Econômica Federal – anunciou no mês passado um novo aumento de 0,3% nos juros de financiamentos habitacionais. A alta está restrita ao Sistema Financeiro de Habitação (SFH), responsável por financiar imóveis até R$ 750 mil.
Com a mudança, os juros sobem de 9,15% para 9,45% ao ano para quem não tem conta na Caixa. Por sua vez, os correntistas do banco estatal viram o aumento de 9% para 9,3% ao ano. Já para os correntistas que recebem o salário pelo banco, bem como para os servidores que também são correntistas e os servidores que recebem o salário pela Caixa, os juros passaram de 8,7% para 9%.
Essa foi a segunda alta sobre os juros de habitação promovido pela Caixa em 2015. Em janeiro, o banco já havia anunciado um aumento das taxas do crédito habitacional por conta das elevações na taxa Selic.
Banco do Brasil – apenas um mês após o aumento promovido pela Caixa, foi a vez do Banco do Brasil repetir a estratégia. O BB anunciou neste mês o reajuste dos juros do financiamento habitacional em 0,5%. A mudança começou a valer no dia 18.
As taxas de financiamentos imobiliários subiram de 9,9% ao ano mais taxa referencial (TR) para 10,4% ao ano mais a TR. De acordo com a instituição, o reajuste foi necessário para compensar os maiores custos de captação de dinheiro.
A mudança, que vale apenas para os novos contratos, também inclui a extensão do prazo máximo de pagamento, que foi de 360 meses (30 anos) para 420 meses (35 anos), dependendo do perfil de cada cliente. Além disso, o limite máximo de financiamento foi mantido em 80% do valor do imóvel para todos os mutuários.
Com as novas medidas, o mercado imobiliário, que já andava passando por complicações, tende a ficar ainda mais instável. As novas taxas podem gerar muitas frustrações para todas as partes. Enquanto o comprador vê o sonho da casa própria um pouco mais distante, as construtoras e incorporadoras podem sofrer para vender seus empreendimentos com o atraso dos recursos do financiamento.
Germano Leardi Neto é diretor de relações institucionais da franqueadora imobiliária Paulo Roberto Leardi.