No retorno ao Boteco, o gandula Mineiro recorda o dia em que jogou uma galinha preta no gol do Rio Branco e lembra momentos divertidos e emocionantes em sua carreira.
Boteco – Como foi a história da galinha?
Mineiro – Quando o Mogi jogou contra o Rio Branco (na Segunda Divisão de 1985), o Baiano Coxinha tinha um bar na Vila Dias e arrumou uma galinha preta e uma bola pintada de preta e murcha. Se ganhasse, a gente ia para São Paulo disputar para subir. Tinha o Henrique, Oscarzinho, Chicão. Aí o Baiano falou: eu trouxe para você jogar no campo se a gente ganhar ou durante o jogo, a hora que der na louca, você joga. Na época tinha dois banquinhos atrás do gol, eu escondi, deixei a galinha no túnel e a bola. A bola não entrava de jeito nenhum. Aí o Mogi fez um gol com o Silvinho, na gaveta, um golaço. Aí peguei a bola preta e a galinha e joguei no gol. Foi uma bagunça. A galinha tentava sair, batia na rede e não saia.
Boteco – Como foi a repercussão?
Mineiro – O goleiro do Rio Branco era o Marquinhos. Depois ele veio ser o goleiro do Mogi. Sempre que sobrava oportunidade, eu ia ver treino. Mas treinando, sentando no banquinho, fazendo meu serviço de gandula. E o Marquinhos estava aquecendo logo quando chegou. Ele passou perto do Marcos Della Fina, o Marcão, advogado. Aí o Marcão nos chamou: “Você está lembrado desse rapaz? Esse rapaz que jogou a bola e a galinha preta em você aquele dia”. Aí o Marquinhos falou: “Ah, foi você, safado”. Aí ele veio, me abraçou, fizemos amizade. O Marquinhos era muito bacana.
Boteco – Qual outra história divertida?
Mineiro – Teve uma que mais deu ibope, saiu no Brasil inteiro. Veio o Ituano jogar aqui. O Piu é meu irmão caçula. É o 15º irmão meu, somos em 16, ele estava no gol do fundo como gandula e eu no de entrada. Eu sei que saiu um tumulto lá entre os jogadores no gol do fundo e eu saí na corrida para salvar o Piu. Quando passei em frente, o Galli, treinador, me deu um murro na nuca, do jeito que bateu, eu caí, não vi nada. Apaguei. Fiquei desmaiado um bom tempo, quando me levaram para ambulância, acordei. Depois apaguei de novo, fui acordar 3 da manhã no hospital. No outro dia, o Henrique Stort veio perguntar se eu queria processar ele. Eu falei: “não vou processar. Ele está errado, mas se eu tivesse ficado quietinho, não ia acontecer nada”.
Boteco – Tem outros momentos especiais?
Mineiro – Uma passagem foi com a Dona Zezé Brandão. Torcedora símbolo do Mogi, todos os jogos por perto, a gente ia de carro, Limeira, Leme, Araras, eu era o motorista particular dela. E nos ônibus nós íamos juntos, não perdíamos jogo do Mogi. Tanto é que quando o Mogi foi disputar no Pacaembu, quando subiu, a Dona Zezé fazia bolo, era a merendeira do ônibus. Ela ia sempre vestida de vermelho, bolsa vermelha, ia a caráter. Era fanática, ficava perto do banco do vestiário que ela tinha amizade com todos os jogadores. Ela mandava bolo aos jogadores, doce. Gostava demais do time. Um dia ela sentiu mal na porta do campo do Mogi e mandou me chamar de tanta amizade, durante o jogo. Aí mandou me chamar que tava na portaria passando mal. Eu tava de gandula, saí, abandonei a posição minha e fui lá. Infelizmente, ela morreu no hospital, perdi praticamente uma mãe minha. Eu acho que como pessoa feminina jamais vai ter alguém que gostou tanto do Mogi como ela.
Boteco – Mineiro volta no último capítulo de suas histórias, onde relembra como conseguiu uma recordação de Rogério Ceni e recorda estripulias como o dia em que deu um susto no ex-árbitro José de Assis Aragão.