Em nosso último encontro, contei alguns detalhes sobre o título do Mogi Mirim Esporte Clube na Zona 3 do Certame Amador de Futebol do Estado de São Paulo. O registro histórico feito em edição especial da antiga revista A Paulistinha segue como pauta desta coluna. Hoje, vamos falar sobre os personagens daquela façanha vermelha e branca.
Em janeiro de 1952 o Mogi Mirim concluiu vitoriosamente uma campanha iniciada no ano anterior. O clube era presidido à época por Nagib Chaib, figura importante na política local e estadual. A reportagem da época dizia que era o presidente uma espécie de ídolo da agremiação e que não se cogitava um substituto sequer para o cargo que ocupava.
Nagib ainda foi peça importante para a construção da quadra de basquete, ou de bola ao cêsto como diziam à época. Ainda naquela edição especial pelo título, menção a Firmino Pedroni e Clayton Semeghini (pai de Celso Semeghini, que pleiteia atualmente a presidência do Sapão), como elementos valorosos e esforçados. Com o suporte da diretoria, o Mogi foi a campo no Amador do Estado daquela temporada sob o comando técnico de Sebastião Miguel.
Tratado como “profundo conhecedor de futebol’, o responsável por dirigir o time alvirrubro é de Espírito Santo do Pinhal. Com passagem pelo Comercial daquela cidade, fez história mesmo no Corinthians, clube em que conquistou o tricampeonato paulista entre 1937 e 1939. O goleiro era Dino Martini Miachon, dono da posição há mais de três anos quando a equipe faturou o título de 1952.
O sistema defensivo tinha valores como Mauro Antunes Garcia, nascido em Mogi Guaçu e que também defendeu o Atlético Guaçuano, além de José Belisário de Andrade Filho, o Zeca, natural de Campinas. Roberto Luís Lazzaretti, outro nascido em Campinas, era o zagueiro central, anunciado como “figura dominante do sexteto defensivo”. Trazido de Pinhal pelas mãos de Sebastião Miguel, Nelo Felício era médio volante. Ainda no meio-campo, Luinardi Sabino Denana, o Nucci, era o centro-médio, uma das posições mais complicadas da época. O setor ainda contava com Roberto Luiz Franco Bucci, um dos caçulas do elenco, com apenas 18 anos. Betinho saiu das fileiras infantis e juvenis da cidade para brilhar naquele Mogi Mirim de 1951/1952.
Na formação do time titular, cabe um parênteses importante. O futebol amador sempre costumou espelhar o que se tinha no profissional nos esquemas táticos. Naquele início de década de 1950, a moda era o 3-2-2-3, apelidado de ‘WM’. No Sapão de 1952, o ataque começava com Antônio Virgílio Mantovani, que, aos 19 anos, era o principal velocista daquele esquadrão. Lázaro Gonçalves, o Mingau, também era um expoente. Com passagens por cidades como Pouso Alegre e Itapira, foi em Mogi Mirim que ele mais brilhou. Mais à frente estava um dos ícones daquele quadro.
Figura discutida, muito mais pelo temperamento forte do que pela qualidade técnica, já que era tratado como um craque indiscutível. Assim era Armando Alves de Oliveira. Campeão sulamericano universitário e paulista na mesma categoria, venceu o título de 1952 após mais de 10 anos integrando o elenco alvirrubro, além de ter defendido o escudo do clube em disputas de voleibol, tênis e basquete. Manoel Maria, o Neco, também era um elemento vital. Aliás, o tratamento era de “indiscutível estrela e mais efetivo valor”.
Após iniciar a carreira esportiva no Infantil Mogiana, de Campinas, se transferiu para o Mogi Mirim e as grandes partidas chamaram a atenção de clubes grandes. O elenco ainda teve o endiabrado meia-esquerda Maércio de Souza Lima e o avante Ari Romildo Jordão revezando na busca pela titularidade, além de Vicente Claudino, o Champra, outra lenda do clube, com mais de 14 anos de presença no elenco mogimiriano. Adolfo, Diogo, Adolfinho, Iato, Dudu e Plínio foram outros comandados de Sebastião Miguel utilizados durante a campanha histórica do título da Zona 3 do Amador do Estado.