sábado, novembro 23, 2024

Moeda de troca

Eu não acredito numa educação punitiva e sim que ela aconteça muito mais pela compreensão e repetição. A mensagem precisa chegar ao receptor com significado, precisa fazer sentido para que ele absorva e opte por segui-la e, por vezes, precisamos de muita constância para isso.

Embora essas sejam minhas crenças, às vezes, quando não funciona e preciso de resultados imediatos, eu apelo. Parto para a barganha: se não fizer isso, vai perder aquilo. E este é o ponto, sobre isso que quero falar.

A aula online, que era para ser emergencial, dura um ano. Primeiro teve um tempo de adaptação. Todo mundo aprendendo a usar a tecnologia no dia a dia, o que deixou o sistema cerebral alerta e envolvido. Até que virou rotina. Haja foco para ficar das 7h às 13h em frente a uma tela, concentrado, enquanto todos os amigos e o mundo estão a apenas um click. E, claro, depois que tudo isso acaba é quase impossível voltar ao assunto e fazer a tarefa, rever aquilo que nem se viu (rsrs).

O Neto não deu conta. Seguindo minha teoria “titular”, dia desses estávamos conversando e mostrei para ele quantas horas do dia a escola ocupa e o quanto ainda sobra para que faça o que quiser. E, se quando está no momento de lazer não envolve a escola, porque fazer o contrário? Ele compreendeu, absorveu, mas veio a segunda Fase Vermelha e…

Quando pensei no plano B, percebi que não tenho mais moeda de troca. A vida, momentaneamente, já tirou tudo. Ano passado não teve festa de formatura, não teve viagem, não teve nem colação de grau! Agora não temos treino de tênis, não temos trilha de bicicleta, não temos final de semana no sítio, não temos roda de conversa com máscara e à distância no clube e não temos mais jogos virtuais porque embatuma ficar tanto tempo na frente de uma tela…

Depois que tive esse click, passei a observar mais ele e notei que estava num ciclo de tristeza. Nada de tirar o pijama, quarto desarrumado, cabelo despenteado e muitas, muitas horas incomum de sono. Ascendeu meu alerta.

Há semanas apertamos muito o cerco e agora afrouxaremos o possível. Voltarão a frequentar aulas presencias na próxima semana, um motivo para sair de casa, trocar de roupa e ter a chance de conviver, seguindo todas as recomendações. Voltaremos com a bicicleta em família, em percursos seguros que reduzem a chance de machucar e, consequentemente, precisar de hospital.

Não me levem a mal, sou muito grata por termos saúde, comida, lar. Não estou aqui para competir ou diminuir a dor de ninguém, mas como diz a coluna, estou falando do que se passa em nossa casa neste momento. Ainda teremos longos meses de Covid-19 pela frente e, como tudo na vida, sempre temos o ideal e o possível. Que possamos ter a sabedoria para escolher.

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