A decisão do Mogi Mirim de vender o mando de campo do jogo contra o Botafogo para empresários, permitindo a realização da partida no Espírito Santo, do ponto de vista financeiro é uma das mais sensatas dos últimos anos tomada pelo clube. A administração de Rivaldo se notabilizou por medidas temerárias, que endividaram o clube e comprometeram o patrimônio. Embora tenha posado como salvador arcando com os custos da agremiação, o que Rivaldo fez foi endividar o Mogi, pois colocou recursos em forma de empréstimos. Como se encontrava na posição privilegiada, foi fácil para Rivaldo receber o que o Mogi lhe devia. Na prática, Rivaldo propiciou a participação em campeonatos Paulistas e Brasileiros em troca dos CTs.
Outra parte dos gastos tem o ressarcimento previsto pela dívida assumida pelo novo grupo que administra o clube. Se o Mogi não tinha condições financeiras de se manter no Estadual e voltar ao Nacional, se Rivaldo não apresentava capacidade para atrair recursos utilizando sua imagem, o clube deveria ter ficado momentaneamente sem disputar competições. No passado, competições muito menos expressivas envolviam a cidade. O mesmo vale para a atual gestão, que precisa ser inteligente para não acumular dívidas se perceber não ter capacidade para atrair recursos. Uma hora a conta precisa ser paga.
A torcida presente em campo para apoiar é pequena. Diversas razões podem explicar o fenômeno. Uma é o afastamento da cidade do clube desde a gestão Barros. O Mogi deveria se abrir para associados, que vivenciem o clube para uma série de atividades nas instalações do estádio, aproveitando o amplo espaço ocioso até para eventos sociais. O clube não pode esperar a torcida apenas para jogos, especialmente se não há condições financeiras. O torcedor quer sempre assistir ao Mogi, mas o clube não pode ser irresponsável de correr o risco de ter prejuízo para agradar.
O time já soma prejuízos a cada jogo e encontrou contra o Botafogo uma forma de lucrar sem depender da duvidosa presença de torcida em uma sexta-feira à noite. É preciso razão. É evidente que os poucos torcedores que comparecem sempre mereciam ver o Botafogo, mas o Mogi não pode colocá-los nesse momento como prioridade. Os fiéis torcedores merecem, porém, algum tipo de privilégio, o que pode ocorrer com o Sócio-Torcedor. Da mesma forma, os donos de cativas mereciam uma compensação.
Acerta a nova gestão ao aceitar a proposta, pois além de deixar de ter prejuízo com o jogo, já que as rendas não costumam custear as despesas, o clube lucra. A medida seria melhor entendida se o clube fosse frequentado por mogimirianos associados e se retomasse o vínculo com a cidade. Está na hora das duas partes agirem para uma aproximação. O Mogi precisa abrir as portas e os que se dizem torcedores poderiam realmente participar com mais afinco e entender o lado do clube. Acima de tudo, vender o mando em situações em que a oferta é interessante e se evita o prejuízo é uma ação responsável.