No amadorismo reinante na gestão do futebol brasileiro, sobram casos de bons times montados de forma acidental, sem grande planejamento, em que a junção de fatores envolvendo treinador e elenco acabam gerando uma mistura de sucesso. Um planejamento criterioso e bem sucedido é raro em um cenário dominado por gestores amadores. Um exemplo positivo foi vivenciado como jogador pelo presidente do Mogi Mirim, Rivaldo Ferreira, quando esteve em times formados pela co-gestão Palmeiras/Parmalat.
O Mogi Mirim pode ser enquadrado na versão de time montado com uma boa dose de acidente, mas devem ser valorizados os méritos na gestão Rivaldo. Um dos pontos foi o trabalho nas categorias de base, que rendeu frutos, revelando jogadores como Roni e Caramelo. Do elenco atual, aproximadamente 15 atletas passaram pelas divisões de base. No entanto, a base acabou extinta por razões econômicas. Outro ponto positivo é a confiança depositada no fisiologista Ricardo Melo, que comanda uma espécie de escola de formação de preparadores físicos para o time de cima, além de liderar a área com modernos recursos tecnológicos, o que faz as lesões de atletas serem raras e a equipe ter um bom condicionamento. Os preparadores acabam chamando a atenção dos treinadores que passam pelo Mogi e deixam o clube, mas a reposição já está pronta. É o caso de Mateus Simoso, que começou na categoria sub-15 até chegar ao profissional.
Já a montagem do time foi aos trancos e barrancos, pois houve uma indefinição quanto à Série C por razões econômicas. A montagem de um time visando o acesso ficou em segundo plano. Acidentalmente, porém, a forçada manutenção da base se tornou um dos segredos do sucesso. Um mérito foi renovar com nomes como Wagner e Magal. A permanência do técnico Márcio Goiano foi outro. Porém, por questões econômicas e até mesmo com o time ainda cogitando não continuar na Série C, Goiano acabou demitido e a solução foi apostar em Claudinho Batista, que estava preparando o time da Copa Paulista, em que o Mogi não conseguiu disputar em mais uma falha de planejamento, pois a equipe se preparou para algo que não iria competir. Em mais um acidente que deu certo, Claudinho virou a solução econômica, até porque Rivaldo admitiu que poderia contratar outro se fechasse uma parceria. Claudinho teve os méritos de manter a base do trabalho e dialogar.
Desta forma, com fatores acidentais, somados a méritos da presidência e ao baixo nível da Série C, o Mogi conseguiu o acesso, uma alegria para Rivaldo e para a cidade, após turbulências enfrentadas no percurso.