A previsão do prefeito Carlos Nelson Bueno (PSDB), ainda no começo do ano, parece estar mais que certa. Os problemas herdados da gestão Gustavo Stupp devem afetar a cidade em até 20 anos e o resultado desastroso dessa irresponsável administração passada foi apresentado em números, durante audiência pública da Secretaria de Finanças, na Câmara Municipal. Os dados, extremamente preocupantes, ajudaram a tirar declarações desesperadoras de um prefeito com larga experiência na vida política e pública.
Sem cerimônias, Carlos Nelson disparou, já ao final da reunião: “a cidade foi arrasada. Dá vontade de ir embora para casa. A Prefeitura foi arrombada”. Conforme os números divulgados pela Finanças, a previsão de investimento em Mogi Mirim é de apenas 1% em 2017. Isso porque o déficit financeiro previsto já é de R$ 24,9 milhões. Desse total, R$ 20,8 mi foram dívidas deixadas pelo governo Stupp.
O cenário é pouco otimista. Pelos próximos anos, o município continuará sentindo os efeitos de uma severa “estiagem”, situação que pode começar a mudar só a partir de 2020, ano de novas eleições municipais. A gestão antecessora tomou inúmeras condutas questionáveis, tanto foram os inquéritos e ações civis abertas pelo Ministério Público (MP) local.
Por exemplo, a equipe de Stupp triplicou os gastos, por mês, com pagamento de precatórios, autorizou a locação de 300 veículos em quatro anos, o que corresponde a quase 100 carros alugados por ano, além de ter aprovado 30 loteamentos no mesmo período. Sob esse aspecto, não se pode negar que a turma do jovem ex-prefeito era perfeitamente competente em tais funções.
Mesmo com tantos apontamentos de irregularidades, as contas do governo foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), sem qualquer questionamento. Mas há que se considerar que o desmando de Stupp só alcançou plenitude e a durabilidade por conta de um Poder Legislativo submisso e pela inércia da Justiça. Mesmo cassado, em segunda instância, continuou em pleno gozo do cargo, após ter recorrido, protagonizando mais aberrações.
Stupp não agiu sozinho. Teve cúmplices. Parlamentares omissos e adestrados e juízes que parecem viver uma realidade paralela à da cidade também têm parcela de culpa na atual situação do município. Os erros já foram cometidos e não há mais nada que se possa fazer, a não ser contorná-los. A população sabe que Mogi foi assolada por um tsunami da mais baixa política, porque ela que sofre diariamente os feitos de uma má administração, e agora espera trabalho, muito trabalho para se reerguer, e menos lamentações.