A Secretaria de Esportes, Juventude e Lazer (Sejel) da Prefeitura anunciou a implantação de 12 polos de atletismo, com nove locais. A ideia é atender de 200 a 360 alunos de escolas públicas e particulares entre nove e 17 anos. Os polos começam a funcionar em março e são resultado da chegada do professor Gilberto Bortoloci Ferreira, transferido da Secretaria de Educação para o Esporte. A transferência objetiva reeditar um projeto bem sucedido de Gilberto, em Pedreira, de 2002 a 2016, com a revelação de talentos, mesclando ascensão social com carreira esportiva. Gilberto realizará um trabalho em conjunto com o professor José Heraldo da Silva, que seguirá responsável pela área do pedestrianismo e mais direcionada ao público adulto e terceira idade, mas também abrangendo a base. O trabalho de Heraldo conta com 38 atletas entre 12 e 84 anos. A atuação de Gilberto irá envolver corridas de pista, como de 100 e 200 metros, e com barreira, além de saltos triplo, à distância e com vara, e lançamentos de peso, disco e dardo.
A ideia é que cada núcleo conte com até 30 crianças. Dos 12 núcleos, todos com aulas de Gilberto, nove são direcionados a alunos de determinadas escolas. Os outros três núcleos são abertos a inscrições de forma geral.
Os núcleos abertos serão montados no Estádio Distrital Ângelo Rottoli, o Tucurão, Complexo Esportivo José Geraldo Franco Ortiz, o Lavapés, e Núcleo Integrado de Atividades Sociais (Nias), na zona Leste, cuja pista ganhará uma limpeza. No Lavapés, as aulas serão às terças-feiras, das 13h30 às 15h30. No Nias, às terças, das 16h às 17h40. As inscrições podem ser feitas no Sejel ou pelo telefone 3814-2199.
Os núcleos internos são localizados no Maria Beatriz, Nias, Lavapés, Tucurão, Martim Francisco, escolas municipal e estadual do Jardim Planalto, Escola Estadual São Judas Tadeus, no Jardim Bicentenário, e Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Jorge Bertolaso Stella, no Parque do Estado II.
Trabalho de Gilberto instiga sonho olímpico
A julgar pelo trabalho de Gilberto Bortoloci em Pedreira, as crianças e adolescentes de Mogi Mirim podem projetar uma carreira de conquistas no atletismo e até mesmo sonhar com a possibilidade de um dia disputar uma Olimpíada.
Uma das atletas reveladas pelo projeto de Gilberto, Thaina Fernandes, disputou o Mundial Escolar da China, em 2014, e da Turquia, em 2015, além de ter sido campeã sul-americana escolar em 2017, no Chile, no salto à distância. Foi ainda campeã dos Jogos Abertos e Brasileira. Hoje, treina com Nélio Moura, que foi técnico da ex-atleta Maurren Maggi, reside no Centro de Treinamento do Ibirapuera, em São Paulo, estuda Educação Física e é cotada para uma futura Olimpíada. Outra atleta de destaque que chegou a ter seu nome ligado à expectativa de disputar as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, é a campeã brasileira escolar Paloma Oliveira, que teve a oportunidade de conduzir a tocha olímpica. Outro atleta revelado por Gilberto é Fred, campeão brasileiro escolar de lançamento de disco e vice-sul-americano no arremesso de peso. Muitos dos atletas de ascensão na carreira vieram de famílias com graves problemas sociais, o que demonstra a importância do projeto, além de esportistas ganharem benefícios como o Bolsa Atleta. A cidade de Pedreira, com o projeto de Gilberto, conquistou o tetracampeonato dos Jogos Regionais, 10 Brasileiros Escolares e o vice-campeonato sul-americano escolar. Em Pedreira, mais de 1 mil alunos passaram por Gilberto. “Em Pedreira, trabalhei com alguns atletas que amanhã podem aparecer em uma Olimpíada e espero que, em Mogi, eu possa encontrar um talento que quem sabe possa representar o Brasil num Mundial ou Olimpíada”, ressaltou Gilberto.
Antes de ser professor, Gilberto iniciou a carreira como atleta em 1980, em Itapira, e defendeu a equipe de atletismo de Mogi em 1992, conquistando o bronze nos Regionais. Era especialista de salto com vara e decatlo.
Destaque em competições é meta para longo prazo
A montagem de uma equipe de destaque e a revelação de talentos são metas do professor Gilberto Bortoloci para começar a se consolidar em aproximadamente 3 anos. O pensamento inicial é despertar a paixão pelo atletismo e atrair alunos para formação dos polos. Para a consolidação de um trabalho bem sucedido, chegando, por exemplo, a Jogos Escolares Brasileiros e Sul-Americanos, além de competições federadas, o projeto é de longo prazo. Neste sentido, Bortoloci admite a necessidade da continuidade do trabalho independente de governos.
Em 2020, porém, a ideia é já entrar com equipes do projeto bem formadas em competições como os primeiros níveis dos Jogos Escolares e Regionais. Para 2019, a participação nos Regionais pode já envolver eventuais atletas de base. Algumas escolas que já costumam disputar os Escolares também podem eventualmente levar alguns alunos.
Estrutura
Depois que os polos estiverem bem formados, para avançar em atividades, o Sejel precisará montar caixas de areia em núcleos, o que o secretário de Esportes, Osvaldo Dovigo, garante ser fácil de viabilizar. O restante dos materiais será levado por Gilberto. Inicialmente, essa estrutura será suficiente, mas, para um segundo momento, será necessário adquirir um colchão para os saltos.
Como a ideia é selecionar os destaques de cada núcleo, no futuro, ainda mais adiante, quando a equipe de alto rendimento estiver formada, a ideia é buscar uma parceria para utilização do Clube Mogiano. Para o estágio inicial de desenvolvimento, a estrutura do Mogiano não é considerada essencial. O clube será buscado no momento em que os talentos precisarem da lapidação em que qualquer detalhe pode fazer a diferença. Hoje, a equipe de pedestrianismo do Sejel treina no Clube via parceria.