Após três episódios, hoje é dia de finalizar a saga dos duelos entre mogimirianos e vascaínos. Lá em 17 de abril de 1949, aconteceu um dos maiores jogos de futebol da história da nossa cidade. O Sapão, como já contamos na edição anterior, estava reforçado por jogadores de Palmeiras, Portuguesa e Ponte Preta. Porém, a base era, em sua maioria, local. E isto inclui craques como Armandinho.
Aliás, há uma foto do acervo do grande jornalista e historiador Orlando Bronzatto, o Pintaca, que traz a formação do Sapão da Mogiana naquela tarde. É lindo ver ali, por exemplo, um craque como Sabará ostentando o escudo do MMEC. Sobre os “nossos”, Mingau foi um dos melhores atletas a desfilar seu talento em gramados mogianos.
Mas entre “filhos da terra” que duelaram com o Vasco, destaco Armando Alves de Oliveira. O apelido era Armandinho, mas possuía um chute forte e um faro de gol típico dos centroavantes. No duelo, como conta meu colega de artigos, Nelson Patelli Filho, fez dois gols: “um de 40 jardas e outra maravilhosa bicicleta em cima do goleiro Ernani, reserva da Seleção Brasileira da época”.
O Vasco da Gama, aliás, não jogou com força máxima. Porém, mesmo misto, era muito forte e chegava com a credencial de 28 partidas de invencibilidade, além de ter recém-conquistado o Campeonato Sul-Americano, de 1948 e, de forma invicta, venceria, no segundo semestre, o Carioca de 1949. O técnico era Flávio Costa, que comandou o Brasil no Mundial de 1950 e a comissão contava ainda com Otto Glória, que se tornou um dos maiores treinadores de seu tempo, chegando a conduzir Portugal a um histórico terceiro lugar na Copa do Mundo de 1966. O Cruzmaltino não trouxe lendas como o goleiro Barbosa e os avantes Heleno de Freitas, Friaça e Ademir de Menezes, mas contou com figuras como Nestor, Vasconcelos, Ipojucan e Mário.
E, no Jornal de Notícias, de circulação nacional, lá estava estampado: “Por 3 a 2 o Vasco foi vencido em Mogi Mirim”. E a linha fina ampliava o destaque: “A equipe de Mogi Mirim, durante todo o desenrolar do prélio, demonstrou maior poderio”. Vocês têm noção? O Sapão, ainda amador, bateu de frente com uma potência como o Vasco de 1949.
Armandinho, enaltecido pelo periódico, abriu o placar aos 20 da etapa inicial. “A contagem foi aberta por intermédio do centroavante de Mogi Mirim, que, aliás, foi o melhor homem do conjunto local”. O Vasco empatou aos 35 do primeiro tempo. Mas, na etapa final, Armandinho fez 2 a 1 e Mingau ampliou, restando a Mário marcar o segundo do time visitante.
Ainda nas páginas do JN, a ficha técnica da partida. O MMEC foi a campo com Lourenço; Zelão e Palante; Manduca, Luisinho e Tremembé; Elizeu, Mingau, Armandinho, Sabará e Armando. Já o Cruzmaltino esteve escalado com Ernani; Jim e Sampaio; Romulo, Lelé e Jorge; Nestor, Vasconcelos, Dimas, Ipojucan e Mário.
Isidoro Ling, árbitro da Federação Metropolitana de Futebol, do Rio de Janeiro, apitou o certame. E, como conta o JN, comprometeu a sua atuação anulando um legítimo gol do Sapão. O duelo teve renda de 60 mil cruzeiros, mas o real valor daquela tarde está registrado para sempre nas páginas dos jornais: o triunfo mogimiriano sobre o poderoso Expresso da Vitória!