Quem nunca sonhou um dia ter a oportunidade de participar de uma Olimpíada? Símbolo dos jogos modernos, a disputa, que acontece de quatro em quatro anos, movimenta a comunidade esportiva do mundo todo, e atrai a atenção para uma única cidade, que durante pouco mais de duas semanas, reúne o que há de mais completo e moderno em termos de infraestrutura esportiva e em excelência de atletas.
Pela primeira vez, uma edição dos Jogos Olímpicos acontece na América do Sul, e o Brasil, mais especificamente o Rio de Janeiro, terá o privilégio de ser o berço do esporte mundial. Entre os 11 mil atletas que disputarão a Rio-2016, dois mogimirianos terão a honra de participar dos jogos: Fábio da Gama e Silva Guerreiro, o Fabinho, de 29 anos, preparador físico da seleção feminina de futebol, e Ricardo Salvato Silveira Cintra, de 37 anos, técnico de Poliana Okimoto, multicampeã de maratonas aquáticas, e uma das principais esperanças de medalha do país.
Mais do que poder realizar o sonho de disputar uma Olimpíada em seu país de origem, a satisfação pessoal e a glória pela chance de poder alcançar uma medalha olímpica, o topo do esporte, tornam-se a locomotiva dos mogimirianos.
Ricardo vai para terceira Olimpíada
“Olimpíada é sempre especial, me sinto realizado, e por ser minha esposa tem um ingrediente a mais. Estar em uma Olimpíada é uma conquista”. As palavras traduzem a emoção de Ricardo Cintra. Marido de Poliana Okimoto, atual segunda colocada no ranking mundial de maratonas aquáticas, ao lado dela, vai para sua terceira Olimpíada, e com expectativas reais em subir ao pódio pela primeira vez, e buscar uma medalha olímpica.

O ano
Nos últimos dias, a preparação vem sendo realizada em São Paulo, e no momento encontra-se na fase, segundo Ricardo, de polimento, quando o período de descanso visando os jogos é maior e o pensamento está voltado para a prova, de dez quilômetros, que acontece no dia 15, nas águas do mar da Praia de Copacabana.
Com um semestre marcado por ótimos resultados, como os obtidos nas etapas da Copa do Mundo de Maratonas Aquáticas, na Argentina e em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, com duas pratas, Poliana buscará sua medalha olímpica após ficar na sétima colocação nas Olimpíadas de Pequim, na China, em 2008, e tentar apagar a frustração de Londres, na Inglaterra, em 2012, quando sofreu uma hipotermia e teve que abandonar a prova.
Ricardo admite que uma eventual conquista coroaria a carreira da nadadora, mas que, além disso, impulsionaria toda a modalidade. “Uma medalha de ouro seria fantástica, para coroar toda a trajetória, e não só para a maratona aquática, mas para a natação feminina. Tenho esperança, estamos dando o máximo para conseguir a medalha que falta”, disse Cintra.
Bolt de um lado, Nadal de outro…
Com experiência em diversos torneios nacionais e internacionais, Ricardo destaca peculiaridades em uma Olimpíada, como encontrar no refeitório, ou em outra parte da Vila Olímpica, o corredor jamaicano Usain Bolt, três vezes medalhista olímpico, o tenista espanhol Rafael Nadal e o nadador norte-americano Michael Phelps, maior medalhista olímpico da história, com 22 medalhas conquistadas, 18 de ouro. “É uma coisa que a princípio fica assustado, deslumbrado, mas vai se acostumando”, revelou.

A possibilidade de obter uma medalha é vista por ele como uma conquista não apenas para o país, mas para Mogi. “Muitos esquecem que sou mogimiriano, tenho muito orgulho disso. Espero que possa ajudar outros mogimirianos a disputar uma Olimpíada (no futuro)”, completou.
A ascensão meteórica de Fabinho Guerreiro
Se pensava que a conquista do Campeonato Paulista pelo Ituano, em 2014, ao vencer o Santos, fosse um dos principais momentos na carreira, o que dizer de estar prestes a estrear em uma Olimpíada no seu país? Nem no melhor sonho o mogimiriano Fábio Guerreiro, o Fabinho, seria capaz de imaginar. “Se passou pela minha cabeça, eu não recordo. Nunca imaginei que seria aqui, foi tudo muito rápido (na carreira)”, afirmou, ao responder à reportagem.
A carreira de Fábio Guerreiro contabiliza quatro ouros: o título de campeão paulista pelo Ituano, a conquista da Copa América, a vitória do Torneio de Brasília e o ouro no Pan-Americano. O preparador físico nunca perdeu uma final, e parte agora para o principal desafio na carreira: a busca pela medalha olímpica ao lado de Osvaldo Alvarez, o Vadão, comandante do inesquecível Carrossel Caipira, Marco Aurélio Cunha, Marta, Formiga e companhia. A trajetória teve início na tarde desta quarta-feira, quando a seleção feminina estreou nas Olimpíadas com vitória diante da China, por 3 x 0, no Engenhão.

Experiente, Fabinho sabe, como poucos, a pressão em atuar no futebol e a responsabilidade em jogar uma Olimpíada no Brasil, diante da exigente torcida brasileira, que em questão de minutos, pode transformar o apoio em pressão. “Trabalhamos muito essa questão psicológica, temos um profissional especializado nisso. Elas (as jogadoras) estão bem tranquilas, mas sabem que isso (a pressão) pode acontecer”, admitiu.
Na visão de Fabinho, das 12 seleções participantes, oito têm chances de medalhas. Na briga pelo Ouro, Estados Unidos, Alemanha e França são apontados pelo mogimiriano como favoritos. Ao mesmo tempo em que admite a ânsia por conquistar uma medalha, sabe que a pressão pela conquista de ouro será grande. “A cobrança é sempre pelo ouro, o brasileiro não dá valor para o segundo lugar, mas com todas as dificuldades que temos já conquistamos muita coisa. A busca pelo ouro feminino é pelo desenvolvimento da modalidade”, analisou.

Para o mogimiriano, o choque cultural e a troca de experiências com pessoas do mundo inteiro é uma das principais curiosidades de uma Olimpíada. “Você encontra um jogador de dois metros da Rússia, aí cruza com uma ginasta da China de 1,50 metro, depois o cara do levantamento de peso…”, divertiu-se Fabinho.