sábado, abril 12, 2025
INICIAL☆ Capa Entretenimento“Mogiano de uma espora só”, na coluna de Nelson Patelli Filho

“Mogiano de uma espora só”, na coluna de Nelson Patelli Filho

Expressão tipicamente mogimiriana. A primeira vez que a ouvi foi em 1954, quando trabalhava na agência local do Banco Industrial e Comércio de Santa Catarina – Inco, ao presenciar um diálogo entre o gerente Luiz de Amoedo Campos (Lulu) e o advogado José de Abreu Prado (Dr. Pradinho). Dizia, com entusiasmo, o estimadíssimo gerente:
– Precisamos trabalhar pelo progresso de Mogi Mirim porque somos mogianos de uma espora só!
Não atinei com o significado daquela frase enigmática e levei muitos anos para decifrá-la, tendo conseguido, então, não somente seu significado, mas também a curiosa razão do surgimento dessa pétala da “Flor do Lácio”.
Tudo começou nas primeiras décadas do século XIX, envolvendo rivalidades entre mogimirianos e habitantes de Jundiaí, numa história curiosa e que marcou profundamente a posição de nossos antepassados com pessoas de grande religiosidade e extremado amor por Mogi Mirim.
Movidos pela fé, todos os anos um grande número de mogimirianos partia em romaria a cavalo rumo a Bom Jesus da Pirapora. No roteiro, uma passagem por Jundiaí, onde os peregrinos paravam para pequeno repouso. Nessa oportunidade, eram ironizados pelos jundiaienses com gritos de “esporinha só”, “olha o pessoal de uma esporinha só”, atentando para o fato dos mogimirianos tradicionalmente usarem uma única espora, ao invés das comuns duas.
A essas zombarias, os mogimirianos retrucavam, gritando “calem a boca papudos”, “terra de papudos”. Expressões que também tinham motivo, pois Jundiaí era vitimada pelo bócio, doença que causava hipertrofia da tireóide, ocasionando grande protuberância na garganta, popularmente chamada de papo.
E com xingamentos de cá e de lá, acabava-se descambando para a violência e verdadeiras batalhas campais aconteciam: sopapos distribuídos, rasteiras, pontapés, cavalos e cavaleiros indo ao solo, gritos de dor ou de vitória. Enfim, uma verdadeira balbúrdia que só terminava com a interferência dos líderes da caravana de Mogi Mirim e das autoridades de Jundiaí.
Serenados os ânimos, os mogimirianos continuavam sua jornada rumo à Pirapora do Bom Jesus, felizes e com o coração batendo forte, comentando orgulhosos:
– Mostramos que os mogianos têm sangue nas veias, não admitimos afrontas à nossa terra e gente, e por Mogi Mirim lutaremos até o fim!
Expressões de carinho e amor pela cidade natal, explicando que “mogiano de uma espora só” é aquele que ama e luta pelo progresso e bem-estar da terra natal. Curiosamente, até hoje Jundiaí é chamada de “terra de papudos” e seus habitantes conhecidos como “papudos”, vingando os apelidos dados pelos mogimirianos há cerca de dois séculos.
Em Mogi Mirim, a expressão “mogiano de uma espora só” tem uso restrito no seio de raras famílias tradicionais, mas tem de ser resgatada, pois significa que todos nós devemos honrar e batalhar pelas causas justas desta cidade, nascida da bravura dos bandeirantes.

Túnel do Tempo: Em 4 de novembro de 1878, os vereadores da Câmara Municipal de Mogi Mirim resolvem mudar o nome da Rua da Boa Vista para Rua Dr. João Theodoro, consignando em ata um voto de profundo pesar pelo falecimento do ilustre mogimiriano que foi Presidente da Província de São Paulo.

Preceitos Bíblicos: “Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda a bênção espiritual do céu em Cristo, assim como nele nos elegeu antes da criação do mundo, por amor, a fim de que fôssemos santos e imaculados diante de seus olhos. Nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, no qual temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza de sua graça. (Efésios 1, 2-7)

Legenda da Imagem: Outubro de 1946 – Praça Rui Barbosa e Rua José Bonifácio, em Mogi Mirim, Casa Cardona, Hotel Municipal, Bar Ideal, Casa Salim Chaib, Cine Rex (Foto Zizo).

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