Os ataques terroristas em seis pontos de Paris, na França, na sexta-feira, responsável pela morte de 129 pessoas, chocaram o mundo e mais uma vez abriram uma guerra contra o terror. Entre milhares de pessoas em Paris, um dos principais pontos turísticos do planeta, um casal de mogimirianos, que desde aquela noite acompanha passo a passo um dos maiores atentados em solo europeu nas últimas décadas.
A escritora Denise de Fatima Vasconcelos Mokarzel, e o marido, o engenheiro eletricista Francisco Carneiro Mokarzel, embarcaram para a capital francesa no dia 11, e não imaginavam se deparar com tamanha tragédia. Na tarde de segunda-feira, O POPULAR conversou por mais de uma hora com Denise, tempo suficiente para ouvir relatos que mesclam medo, insegurança e tristeza. Nascidos em Itajubá, no sul de Minas Gerais, o casal vive em Mogi Mirim há 33 anos.
A passeio em Paris, o casal está hospedado a três quadras do La Belle Equipe, que às 21h38 de sexta-feira foi alvo de homens fortemente armados, responsáveis pela morte de 18 pessoas. O hotel fica a sete quadras da casa de shows Bataclan, tomada às 21h49 por quatro terroristas armados, que fizeram reféns fãs que acompanhavam um show de rock. Ali, 86 pessoas morreram, entre elas, os quatro terroristas. O restante dos atentados aconteceu no entorno do Stade de France, durante França x Alemanha, em três restaurantes e em uma avenida.
Ambos haviam passado pelos locais há cerca de uma hora antes dos ataques e tiveram ciência do ocorrido por meio de familiares do Brasil, que entraram em contato. “Quando começamos ouvir sirenes, não sabíamos o que era, tocou o celular, era meu filho do Brasil nervoso, contando. Nós ficamos nervosos, não sabíamos até então que era tão perto”, contou Denise.
O sentimento de insegurança foi instantâneo: “Muito medo, pois vimos que estávamos na zona de risco. Foi assustador. Aliás, eu ainda estou assustada, não para de sirenes e polícia pra todo lado o dia todo”.
Assustador
O alerta máximo do governo francês tomou conta das ruas, com policiais e soldados armados, que a todo instante promoviam revistas. Espaços públicos e pontos turísticos foram fechados e passeios cancelados. Após permanecerem no hotel na sexta-feira, o casal foi à rua no sábado, mas bastou pouco tempo para perceber que o clima era pesado e temeroso. Denise revelou que tinha receio até de tirar fotos, e que qualquer movimento brusco já causa atenção. “Estou chorando até agora. Nunca pensei na minha vida em passar por isso”, revelou.
Na noite de domingo, a escritora conta que após um grito de um policial nas proximidades do Bataclan, uma correria se instalou no local, situação que evidencia o medo vivido por parisienses e turistas desde os ataques.
Uma força tarefa caça os autores dos ataques, em ação comandada pelo governo francês e apoiado por uma coalisão formada por países como Estados Unidos e Rússia. Os ataques foram ordenados pela facção radical Estado Islâmico. Todos os cinco terroristas identificados até o momento passaram por treinamentos e doutrinação na Síria, em áreas ocupadas pelo EI.
“Preferia que fosse bem longe”
Ciente da magnitude dos atentados, que feriu todo o mundo, Denise relata que seu desejo era não presenciar tudo de perto. “Acredito estar passando por um momento histórico, mas preferia que fosse bem longe. É muito perigoso e assustador, nossa viagem vai ficar marcada. Tem pouca gente nas ruas, muitas chorando em volta de flores e velas. Jamais imaginei vivenciar uma coisa desta”, completou.
Até o dia 25, data marcada para o retorno ao país, Denise e o marido estarão em uma das capitais mais belas e charmosas do mundo, mas com a sensação de que a França nunca mais será a mesma.