Há mais de um século, em 1903, as principais riquezas de Mogi Mirim eram as produções de café e aguardente. Duas centenas de cafeicultores e meia centena de produtores de aguardente. Embora com boas lojas e armazéns, o comércio não era a grande força, assim como a incipiente indústria.
Baseado em relatório econômico da Intendência Municipal, elaborado naquele ano, destacarei os dez maiores produtores da rubiácea e os quarenta de aguardente, nas terras de Mogi Mirim:
Café
1° – José Pereira Machado
2° – José Joaquim da Silveira Cintra
3° – Condessa de Parnaíba
4°- Baronesa de Paranapanema
5° – D. Perciliana de Oliveira Soares
6° – Júlio Franch de Arruda
7° – Elias de Souza Aranha
8° – Dr. Jorge Tibiriçá
9° – D. Etelvina Queiróz Telles
10° – Lucas Siqueira Franco
É interessante notar nessa relação os nomes da Condessa de Parnaíba, viúva do Dr. Antonio de Queiroz Telles, o Conde de Parnaíba, falecido em 1888; a Baronesa de Paranapanema, viúva de Joaquim Celestino de Abreu Soares, o Barão de Paranapanema, morto no ano de 1888; de José Joaquim da Silveira Cintra, Barão de Cintra, falecido em 1895, mas com fazendas ainda em seu nome; do sogro do Barão de Jaguará e ex-presidente da Província de São Paulo, Dr. Jorge Tibiriçá. Eram remanescentes da antiga aristocracia do café.
Aguardente
Vejamos os 40 maiores produtores de cachaça de Mogi Mirim, em 1903:
– Antonio Miguel
– Albino Rodrigues
de Campos
– Antonio Dias Barbosa
– Antonio Januário
de Almeida
– Afonso Pereira de Godói
– Alberto Davoli
– Angelo Guandalini
– Antonio Gonçalves de Oliveira
– Antonio Hespanhol
– Benedito Alves
– Benedito Basson
– Caetano Tagliaferro
– Caetano Calefi
– David Borin
– Domingos Zibordi
– Ezequiel Batista de Oliveira
– Ferdinando Delatorre
– Francisco Apolinário de Souza
– Francisco Bruno
– Henrique Strasberg
– José Duarte
– José Baptista Julião
– José Telles de Menezes
– José Paulo de Prado
– Jesuino Correia
de Moraes
– Joaquim Luiz
de Oliveira
– Jacob Martins
– João Batista Bueno
– Joaquim Alves Pereira
– José Romanello
– Luiz Leite
– Luiz Tibúrcio Valeriano
– Maximiliano Casa
– Rafael Rodrigues
– Renato Palmiro
– Salvador Jacinto
da Silva
– Santo Manara
– Vicente Rossi
– Samarini Angelo
Destaque para os cinco maiores produtores de aguardente do município de Mogi Mirim em 1903: 1° Dr. Luiz Leite, 2° Alberto Davoli, 3° Caetano Calefi, 4° Caetano Tagliaferro e 5° José Romanello.
Essas duas mencionadas atividades rurais de 1903 atualmente não possuem expressividade em Mogi Mirim. Foram substituídas pelas culturas de soja, milho, arroz e citricultura, na maioria das propriedades agrícolas do município. A cana de açúcar que antes era utilizada no fabrico de cachaça, agora é utilizada na produção de álcool e açúcar, dois componentes expressivos na riqueza mogimiriana e brasileira, absorvidos pelas grandes usinas industrializadoras da cana.
Embora tenham terminado seu reinado no município, essas duas rainhas do século XIX (o café e a aguardente) continuam a ser duas bebidas constantes na preferência do povo mogimiriano. Uma, pelo aroma e delicioso sabor, outra, pela ativação das zonas cerebrais de prazer e descontração.
Parodiando as intensas campanhas destinadas à orientação dos motoristas que trafegam pelas nossas estradas, vou ousar!
– Se vai dirigir, não beba aguardente ou outro tipo de álcool. Mas pode beber muito café.
Contra o café, não existem bafômetros.