O Campeonato da Liga do Centro estava equilibrado quando entramos no final de agosto de 1904. Porém, os bons resultados indicavam um caminho promissor para o Mogy-mirim Sport Club. Sempre reforço aqui. Este é, sim, o mesmo Mogi de hoje em dia, fundado em outubro de 1903 e fundador da referida liga, ao lado de outros cinco clubes.
De folga no dia 21, o segundo quadro do MMSC enfrentou o equivalente da Associação Athletica Casabranquense, em partida amistosa realizada em Casa Branca. É interessante destacar o episódio pois, mesmo sendo apenas um “training” como chamavam na época, houve recepção calorosa na estação local, com banda musical e tudo, respeitando a tradição. E, antes do jogo, celebração.
“… ao Club Literário e Recreativo, onde foi servido aos visitantes um copo de cerveja. Em seguida, os alegres rapazes do Sport foram levados ao Hotel Lucadello, onde descansaram”. Pois bem, rolou uma cervejinha antes do amistoso, que começou às 16h30, e terminou empatado em 1 a 1. No mesmo dia, pela Liga, o outro representante local, o Mogy-mirim Foot Ball Team, empatou em 1 a 1 com a Associação Athletica Amparense.
Já nos dias 28 e 29 de agosto, o Mogy-mirim Sport Club atuou duas vezes. No domingo, 28, o futuro Sapão da Mogiana foi até Campinas bater-se com o Gymnasio Athletic Club, no recém-inaugurado novo campo do adversário, localizado no Hypodromo Campineiro. Conta o jornal O Mogyano, nossa sempre fiel fonte sobre a Liga do Centro, que o MMSC deu oito chutes no gol e sete foram “admiravelmente rebatidos pelo goalkeeper”, ou seja, pelo goleiro rival.
Porém, desde o início do futebol, “a bola pune” e “quem não faz, toma”. No primeiro ataque dos gymnasianos, gol campineiro. Aqui outro detahe interessante. Ao citar o tempo de jogo no segundo tempo, o jornal indica que as partidas eram contadas em dois tempos de 35 minutos. E que, nos 35 da etapa final, apenas duas vezes a bola penetrou no campo defensivo do Sport. Foi muita pressão e, aos 15 minutos, Canto, em uma bela escapada, empatou o jogo.
Segue o O Mogyano. “Na porta do gol do Gymnasio forma-se um bolo. De repente, a bola parte e vaza pela segunda vez o gol. O Sport estava vitorioso”. Uma pena que não há o registro de quem marcou o gol do triunfo mogimiriano. Já no dia seguinte, uma segunda-feira, o Mogy voltou a campo, desta vez, em casa. Em Amparo, diante da Amparense, vitória por 3 a 0 do Sport. Carlos Ferraz foi o juiz e, logo após seu apito inicial, pressão do Mogi.
“Coube o kick-off (primeiro toque) aos amparenses, que logo à saída, perderam a bola. A linha de ataque do Sport então, em belos e combinados passes, foi até a linha das 11 jardas, de onde chutaram por cima do gol”. Na sequência, Linêo, zagueiro da AAA, afastou a bola, mas Chico Venâncio cabeceou ao gol anfitrião. O goleiro Felício tentou defender, mas Octavio avançou e fez 1 a 0 para o Mogi.
Depois, Zeca e Cantinho ampliaram e o MMSC venceu por 3 a 0. No dia 11 de setembro, o Foot Ball Team, com gols de Gervásio e Viotti, empatou em 2 a 2 com o Gymnasio, de Campinas. A Liga do Centro prosseguia. Na minha próxima coluna, trarei o penúltimo episódio desta série histórica. Sobre um dos primeiros campeonatos de futebol no interior do Brasil. Se não for o primeiro…
