Seguimos com a nossa viagem ao final da década de 1920 e aos registros relacionados a agremiações mogimirianas existentes entre a criação do Mogi Mirim Esporte Clube, em 1903 e a sua reorganização, em 1932. Vamos então a 1928. No dia 28 de junho daquele ano, o jornal Correio Paulistano, de São Paulo, noticiava a realização de eleição na Associação Athletica Mogyana.
O encontro foi promovido no dia 24 de junho, na sede social da Athletica e culminou na escolha de Antônio Jorge da Silva para o cargo de presidente. Germano Ribeiro ficou com a função de vice-presidente. João Baptista Perez Marques foi eleito o primeiro-secretário e Manoel Garcia o segundo. O cargo de primeiro-tesoureiro ficou com Luiz de Andrade e o de segundo-tesoureiro passou a ser ocupado por Benedicto Alvarenga.
Plínio Moraes foi escolhido para ser o primeiro-fiscal de contas, João Pires o segundo e João Alves o terceiro. Francisco Parra ocuparia a função de fiscal de campo, Manoel Antonio Filho a de primeiro-diretor esportivo e Leopoldo Favilla a de segundo-diretor esportivo. A diretoria tomou posse no dia da eleição.
Já em setembro o mesmo Correio Paulistano dava destaque a um amistoso entre a Associação Athletica Mogyana e o Club Athletico Guassuano. No dia 8 de setembro o periódico falava sobre a taça oferecida pelo jornal mogimiriano O Ferrão e que o duelo seria realizado no dia seguinte, 9 de setembro. “A taça está exposta nas vitrinas da Casa Cardona”, apresentava a matéria.
Chama a atenção a citação ao Athletico Guassuano em 1928, um ano antes da data que consta como de fundação do Mandi. A oficial é 26 de fevereiro de 1929. Porém, o jornal A Comarca, por exemplo, noticiava em março daquele ano que o Athletico Guassuano teria sido reorganizado, o que abre margem para se discutir a real data de criação da agremiação da cidade vizinha. Com uma pesquisa mais aprofundada sobre o tema talvez seja possível zerar qualquer tipo de dúvida.
Sobre o duelo de 9 de setembro de 1928, 11 dias depois, o Correio Paulistano contava a história daquela pugna, realizada em Mogi Mirim. O duelo começou às 14h, com o encontro dos segundos quadros de Atlética Mogyana e Athletico Guassuano. “Depois de insana peleja, terminaram por empate de 2 a 2”, noticiou. Já o confronto principal teve início às 16h45. Os guaçuanos escolheram o lado para o pontapé inicial, dado pelo mogimirianos após o apito de Manuel Antonio Filho.
Aos 5 minutos de jogo, aproveitando um passe bem combinado, Saulo abriu o placar para a Athletica. “A assistência, enthusiasmada, aplaude”, grifa o Correio Paulistano, com esta exata grafia. Os visitantes tentavam o empate, mas a defesa da Mogyana conseguia frustrar. “Nota-se que os visitantes, a todo momento, cometem faltas, que são punidas pelo juiz. O capitão dos guassuanos é pouco conformado e protesta”.
E aí vem a confusão. Às 17h17, o juiz acusou uma falta do Athletico Guassuano e ao sinal de Adhemar, o capitão visitante, o time abandona o campo. O redator da matéria diz que até tentou indagar sobre o motivo, mas ninguém respondeu com precisão. “Uns allegavam que o diretor sportivo do club guassuano fora desacatado por um jogador mogymiriano, que dissera palavra qualquer pouco polida; outros também visitantes, diziam não ter garantias por parte da assistência e outros não sabiam explicar qual a razão desta debandada”, escreveu. Com estas exatas palavras.
A reportagem ainda enfatizava que a torcida era natural, sem ofensas e sem melindres. Com o abandono do Guassuano, a vitória de 1 a 0 da Mogyana foi confirmada e a taça oferecida pelo O Ferrão ficou com os mandantes. A entrega do troféu ocorreu à noite, no Club Juventude. Jonas Leme de Camargo falou pela ofertante e Leopoldo Favilla pela Mogyana. Em seguida, houve animado baile. Naquele mesmo ano, houve nova eleição de diretoria. Mas esta é uma história que fica para o nosso próximo encontro.
