No terceiro ano de administração do prefeito Gustavo Stupp, as esperanças de que os erros cometidos nas duas primeiras temporadas serviriam de lição para uma evolução no governo parecem ter sido dissipadas. Os mesmos problemas insistem em florescer, em uma espécie de filme repetido.
Logo no primeiro mês de 2015, Stupp brinda a cidade com uma notícia triste, capaz de simbolizar o velório do já antes moribundo Carnaval de Mogi Mirim, outrora tradicional e responsável por movimentar famílias movidas pelo especial momento das folias momescas.
O perfil jovem, que trazia a esperança de renovação de Gustavo Stupp e até a vertente de apreciador de festas, utilizada até por críticos no período de campanha eleitoral para tentar arranhar sua imagem, como se apreciar festas fosse algo negativo, poderia oferecer à cidade a expectativa da ressurreição do Carnaval mogimiriano. Mas foi o contrário. A aproximação da morte é que acaba sendo vislumbrada. Algo inimaginável para um jovem eleito com demonstração de profundo conhecimento em marketing.
Stupp anunciou a suspensão das atividades de Carnaval a três semanas do início dos festejos, escancarando uma das características mais marcantes de sua gestão: a falta de planejamento. As inscrições para a Corte estavam em andamento e havia sido divulgada a ideia de participação popular na escolha.
Em cima da hora, o prefeito decide suspender uma espécie de evento para o qual as pessoas costumam se planejar. Com o lazer relegado a um plano de puro desprezo, a população se vê na dúvida do que a cidade irá oferecer. Isso porque, junto com a suspensão, a Prefeitura anunciou que poderá restabelecer parcialmente a programação se tiver sucesso na captação de recursos junto a empresas dentro de um projeto aprovado pelo Programa de Ação Cultural (ProAc), da Secretaria de Estado da Cultura.
Além da falta de planejamento, outro erro de Stupp tem sido o menosprezo pela área da Cultura, o que pode ser observado pela maneira com que seleciona secretários, chegando a já ter colocado na função Bárbara Mattos, cujos predicados para tal função jamais foi explicado, tendo sido conduzida ao cargo por motivações meramente políticas. A Cultura segue não tendo o devido respeito e a suspensão do Carnaval demonstra essa tendência, como se a festa não fosse uma importante manifestação cultural.
A justificativa de redirecionar os gastos para as áreas de Saúde e Educação não se justifica, uma vez que os diversos setores têm e devem ter orçamentos diferenciados. Do contrário, o Lazer seria esmagado pelos interesses da Saúde. A Administração tem como uma das tarefas equilibrar e equacionar o orçamento de forma a respeitar a importância de cada área.
Chega a ser ridícula a explicação de que a verba do Carnaval será aplicada em ventiladores para unidades educacionais. Não se discute a importância do bem-estar de crianças e adolescentes, mas permitir que haja uma concorrência dos eletrodomésticos com um festejo tradicional é um absurdo a coroar o momento fúnebre da Administração Stupp no que tange ao respeito à cultura popular.