Há 45 anos, os moradores do Maria Beatriz, zona Sul de Mogi Mirim, convivem com algumas dificuldades estruturais no bairro. Aproximadamente, nove mil munícipes vivem na região e precisam driblar, diariamente, as consequências do abandono de seis áreas públicas.

Na sessão de Câmara de segunda-feira, o delegado representante do Plano Diretor e morador da zona Sul, André Lopes Teodoro, fez uso da tribuna livre para pedir apoio aos vereadores quanto à recuperação dessas áreas. Segundo Teodoro, os terrenos devem valer quase R$ 700 mil. O delegado propõe que a Prefeitura venda essas áreas e providencie melhorias no local com a verba arrecadada.
A reportagem de O POPULAR esteve no bairro, na tarde de quarta-feira, e registrou que um dos terrenos é ponto de despejo de lixo e entulhos, mesmo com duas placas proibindo o descarte naquele ambiente. Nesse terreno, já ambientalmente degradado, passa um pequeno córrego poluído.

O córrego é uma das nascentes do lago que formam o Complexo Esportivo do Zerão e atravessa quase dois quarteirões do Maria Beatriz. Outra ideia de Teodoro seria revitalizar e preservar as margens desse riacho, hoje tomadas pela erosão, transformando as áreas ao redor em hortas comunitárias, que seriam mantidas pelas escolas locais, e onde funcionaria um sistema de coleta da água da chuva.
Levado pela água, o lixo acaba entupindo a canalização e alagando parte da Rua Cristiano Cruz em época de fortes chuvas. O representante da zona Sul ainda questiona a falta de uma área de lazer para a população e cobra a Administração Municipal com relação ao calçamento. “O prefeito exige calçada em todos os terrenos e nos da Prefeitura não faz”, reclamou.
Teodoro também acredita que o bairro poderia ter mais acessos, ou seja, outras opções de entrada e saída, se fossem concluídas as duas avenidas no Jardim Regina, interligando a Rua da Baumer com a região. “Lá, para mim, o prefeito não é Stupp. O bairro está esquecido”, reforçou, na tribuna.

Durante visita às áreas públicas, a convite do representante, o presidente da Câmara, João Antônio Pires Gonçalves, o João Carteiro (PMDB), confirmou que pedirá ao secretário de Obras, Habitação e Serviços da Prefeitura para avaliar a situação das cabeceiras das pontes, outro problema que oferece risco aos munícipes.
Recentemente, uma pessoa foi encontrada morta dentro do córrego, fato que está sendo investigado. O presidente acha difícil alguém comprar esses terrenos em um momento de crise financeira, mas acredita que o dinheiro poderia ser investido no bairro.
Contrapartida
Na opinião de Teodoro, essa revitalização poderia ser viabilizada através de contrapartidas. Um exemplo disso é a nova creche que um dos bairros do município deve ganhar até agosto de 2016.
A unidade terá capacidade para atender de 90 a 120 crianças. O investimento, de R$ 16 milhões, é uma contrapartida da Arbore Engenharia, construtora do loteamento Elias Moysés, localizado no Maria Beatriz.
Venda de áreas
A Prefeitura afirmou que, neste momento, a venda de áreas institucionais no município não está sendo estudada, uma vez que o processo não é tão simples quanto o morador sugere.
“Tal proposta, caso fosse estudada, deveria ter um projeto detalhado e, posteriormente, passar pela aprovação da Câmara Municipal. Após a aprovação dos vereadores, um edital teria que ser redigido para que as áreas institucionais fossem licitadas”, explicou, em nota.
A Administração também informou que qualquer munícipe pode contribuir abrindo um processo administrativo por meio do Setor de Protocolo, localizado no Paço Municipal, à Rua Dr. José Alves, 129, no Centro, para que as devidas providências sejam tomadas.