Morreu, na madrugada de segunda-feira, aos 62 anos, Paulo César Guerreiro, o Xexa, um dos maiores ícones do futebol de salão de Mogi Mirim. Xexa foi internado na Santa Casa, segundo informações da família, com dores no estômago e falta de ar, na noite de domingo e morreu na madrugada de segunda, com parada cardíaca. Considerado o melhor goleiro da história do futsal da cidade, defendeu o Panela, time referência do futebol de salão mogimiriano entre as décadas de 70 e 80, chegou a representar a seleção paulista e foi campeão brasileiro da modalidade pelo Palmeiras.
Com estilo irreverente e exótico, Xexa se notabilizava pela qualidade e personalidade, sendo chamado de louco pela ousadia com que jogava. O goleiro provocava os adversários, zombando dos arremates, o que fazia seus companheiros o repreenderem e a torcida se divertir. “Eu mandava a bola pros caras chutarem de novo, ficavam nervosos e chutavam para fora”, recordou Xexa, a O POPULAR, em matéria especial, publicada em 2011.

Xexa começou a jogar futsal aos sete anos, na escola Monsenhor Nora, quando observava o arqueiro Décio Pica-Pau. Depois, jogou no Instituto de Menores, antiga Febem, onde ganhou o apelido, pois um amigo de língua enrolada não conseguia falar César e disse Xexa em um jogo. Depois de ganhar diversos torneios, montou, aos 16 anos, o Máquina Quente, batizado por ele em homenagem a Roberto Carlos. Apesar do sucesso do Panela, o Máquina, que tinha Hugo Stort, era o time lembrado com mais carinho por Xexa. O arqueiro se lembrava de forma especial de um título contra o temido Tiro de Guerra, de nomes como seu irmão Tonicão Guerreiro, Décio Pica-Pau e Paulo Davoli, que jogou no Santos, de Pelé. Depois da vitória, Xexa provocou como fazia habitualmente. “Dizia que soldado não ganhava de mim. Defendi tudo”, relembrou, em entrevista há cinco anos.

Após seis anos de sucesso no Máquina Quente, surgiu o Panela, ao lado dos irmãos Guerreiro, Tubarão, Zirda e Zello, dos primos Ronaldo e Jayme, além de Ricardo, Renato e Nelsinho. O esquadrão era tido como imbatível e colecionava conquistas, com vitórias contra times como Banespa e São Paulo. Após o Panela, Xexa defendeu o Palmeiras, onde não abriu mão de seu estilo. Polêmico, Xexa sempre manteve posições fortes e recentemente questionava o endeusamento a Falcão e a qualidade do futsal atual. “Hoje é muito ruim. (Falcão) não é tudo o que dizem. O Zirda era muito melhor, mas muito…”, comparava.
Ex-comerciante e vendedor de móveis de aço, Xexa chegou a ter as empresas Mogi Aço e Marvan. Há alguns anos, conduzia a Toca da Cachaça e tinha como hobby cozinhar. No total, teve quatro irmãos e três irmãs. O ex-goleiro deixou um filho e duas filhas.