Feitos por meio de madeiras novas ou de demolição, aquelas provenientes de casas bem antigas e que preservam as características naturais das árvores como as fissuras, os móveis rústicos há cerca de cinco anos eram itens usuais somente em casas de campo, no entanto, com o passar do tempo, hoje eles estão dispostos nos mais variados espaços e se mesclam, sem qualquer censura, a decorações modernas que demonstram um novo tipo de tendência nas formas de expressão do ser humano: ser descontraído e elegante ao mesmo tempo e ainda manter o contato com a natureza.
“A decoração vive o auge das misturas. Acredito que duas tendências que nunca saem de moda é a rústica e a contemporânea. Uma aposta certa são os projetos de casa que mesclam ares de fazenda com tendências contemporâneas, assim misturam duas tendências de forma elegante e descontraída. O que meus clientes buscam na maior parte é o contato com a natureza, muitas vezes perdido nas nossas vidas, assim é resgatado com a arquitetura contemporânea com toques rústicos”, explicou a arquiteta Carolina Bitencourt.
Mas para os móveis rústicos chegarem até os ambientes e compor um novo tipo de espaço, há muitos profissionais engajados na arte criar novas peças, que deixam muitas pessoas com o queixo caído. Em Mogi Mirim, um desses artistas que transformam os “pedaços de madeiras” em móveis que decoram diversos espaços da região é Vilson Edgard Rasia, que também é proprietário da empresa Oficina dos Móveis, que une loja à fábrica.
Vilson explica que os móveis rústicos são aqueles que conservam as características naturais da madeira e que dentro da categoria há os que possuem rusticidade em grande escala e aqueles que são mais suaves. As peças que recebem acabamento, sendo lixados, por exemplo, deixam de ser considerados rústicos.
Antes, Vilson disse que Carolina tem razão e não era mesmo comum que as pessoas comprassem móveis neste formato, mas que hoje “caiu no gosto popular e está saindo muito por que o pessoal passou a dar valor. É muito comum que comprem uma mesa rústica com cadeiras modernas, por exemplo. Os que têm restos de tinta, produzido com a madeira de demolição, agradam muito”, explicou ele.
Para produzir as peças, o trabalho de Vilson começa por um desenho, feito à mão por ele mesmo que é autodidata na arte de planejar e produzir os móveis. Ele não é muito íntimo de programas de computadores, mas produz com perfeição peças variadas, como mesas, armários, cadeiras, bancos, etc.
Com os desenhos prontos, os projetos seguem para a fábrica que fica na parte de trás da loja. Lá, marceneiros já sabem o que é preciso fazer a partir dos desenhos de Vilson. “Aí vão cortando, vendo as medidas, fazendo os encaixes, não é um processo em série, a montagem é praticamente artesanal”, destacou.
Feito o móvel, agora é com Carolina e os diversos profissionais da área e até mesmo com leigos no assunto, que querem um cantinho diferente e aconchegante para viver.
A dica é mesclar, mas não abusar
Para que o ambiente não fique pesado e o proprietário do imóvel não enjoe da produção, Carolina explica que é preciso ter bom senso na hora de mesclar o contemporâneo com o estilo rústico. Para isso, a dica da profissional é que manter o bom senso e a leveza.
“Equilíbrio e ritmo são os pontos principais para a beleza de um ambiente. Nas cozinhas e espaços Gourmet temos armários, bancadas e estantes em madeira que podem ser combinados com peças de decoração e os modernos aparelhos da cozinha. Em lavabos já utilizei a bancada da pia em madeira de demolição combinando com louças e metais modernos, espelhos venezianos e pendente de cristal. Tudo tem o ponto do belo e, se ultrapassar essa medida, não é legal, pode tornar o ambiente cansado e enjoar futuramente”, disse.