O Ministério Público (MP) local abriu, na última semana, um inquérito civil para apurar se procede a denúncia da existência de um possível esquema de “mensalinho” dentro da Câmara Municipal. A investigação foi aberta a partir de uma representação enviada à Promotoria de Justiça pelo presidente do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores (PT), Oberdan Quaglio.
No documento, o presidente relata sobre afirmações que o próprio vereador Waldemar Marcurio Filho, o Ney (PROS), teria feito a respeito do “mensalinho” durante uma reunião, na sede do partido. Rumores de um possível esquema envolvendo os parlamentares vieram à tona ainda em novembro de 2014.
Na época, o diretório declarou à imprensa que o vereador, ainda quando era petista, teria dito em uma das reuniões partidárias que existiria um “mensalinho” para pelo menos quatro vereadores, alguns novos e outros que foram reeleitos nas eleições municipais de 2012. Ele teria ouvido uma conversa de um deles para que o valor de R$ 5 mil fosse pago imediatamente.
A fim de apurar se houve enriquecimento ilícito, o que configura ato de improbidade, o 3º promotor de Justiça, Rogério Filócomo, sugere a quebra de sigilo bancário e fiscal. Para isso, determinou que todos os vereadores da Câmara sejam notificados para apresentarem esclarecimentos, no prazo de 15 dias, e “apontem expressamente se abrem mão do sigilo” para análise das contas. O promotor ainda explicou à reportagem que poderia ter entrado direto com pedido de ordem judicial, mas preferiu agir de forma democrática e consultar antes os parlamentares. Com a autorização, os trâmites devem ser agilizados.
Em ata registrada durante as reuniões do PT, Ney também teria revelado que pretendia “se aproximar e gravar com caneta ou relógio gravador para depois denunciar”, o que nunca ocorreu de fato. Na sessão de segunda-feira, o ex-petista se defendeu e contestou a versão apresentada por Oberdan. “A minha conta está aberta. De nenhum vereador presenciei esse ato ilícito. Eu jamais citei isso”, argumentou, referindo-se ao fato como algo inventado pelo partido.
Procurado por O POPULAR, Oberdan confrontou a versão de Ney e confirmou que ele teria assinado a ata da reunião, na qual constam as informações a respeito do “mensalinho”. “Outros vereadores e lideranças políticas da cidade estavam lá na época. Todo mundo ouviu ele falando isso. A gente está fazendo o nosso papel. Ele não fez e isso levanta dúvidas”, declarou à reportagem sobre a representação na Promotoria.
Um dos motivos da expulsão do vereador do PT, além de outras acusações, foi o fato do parlamentar ter apontado a existêcia do esquema, sem ter formalizado, posteriormente, qualquer denúncia aos órgãos competentes. Além de Ney e Oberdan, os demais militantes do PT, que constam subscritos na ata – Andréia Domingos, Ernani Gragnanello, Luiz Fabiano de Castilho, Luiz Guarnieri e Daniel Massari – também foram notificados para comparecer ao MP no dia 25 de fevereiro, às 17h.