sábado, novembro 23, 2024
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Mulheres na engenharia, sim

Por Eng. Vinicius Marchese, presidente do Crea-SP

Há muito se fala sobre a necessidade de romper barreiras impostas pela desigualdade de gênero, presente em todos os setores e esferas da sociedade brasileira. Apesar de ser a grande maioria da população, as mulheres ainda estão sub-representadas na política, no mercado de trabalho, na docência das universidades, no judiciário e, como não poderia ser diferente, também nas áreas da engenharia, agronomia e geociências. Elas representam apenas 15% do total de profissionais registrados no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). Corrigir essas distorções e combater o machismo e o sexismo é dever de toda a sociedade.

Diante dos ataques às profissionais envolvidas em uma grande obra de infraestrutura da cidade de São Paulo, acusadas em vídeo veiculado pelas redes sociais de serem as responsáveis por um acidente, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) saiu em defesa das mulheres para que ações como essa sejam repudiadas veementemente.

A qualidade técnica não é avaliada por sexo, gênero, raça ou classe social. O que diferencia um bom profissional de um ruim são suas aptidões, habilidades para desenvolver soluções e competências para lidar com os desafios impostos pela carreira e pelo mercado. Não há espaço, em pleno ano de 2022, para condutas desse tipo. O Crea-SP não compactuará com comportamentos preconceituosos e discriminatórios contra quem quer que seja.

É preciso entender a importância – e a urgência – de mulheres ocuparem espaços que, até então, eram considerados majoritariamente masculinos. Caso da área tecnológica, que historicamente é associada aos homens. Se antes as mulheres não eram associadas a essas profissões, o último censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) aponta que 37,3% dos formandos em cursos de graduação de engenharia, produção e construção são do sexo feminino.

Somos signatários da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e fortalecemos o nosso propósito em prol da equidade de gênero. Nossa missão é aumentar a participação das mulheres das engenharias, agronomia e geociências, no Sistema Confea/Crea, nas associações de classe e em suas profissões.

É o momento de discutirmos sobre como – e quanto – o machismo impacta diretamente a vida de milhões de mulheres, em todas as classes sociais. Afinal, a previsão do Relatório de Desigualdade Econômica e Gênero de 2021, do Fórum Econômico Social, é de que levaremos 135,6 anos para o mundo chegar a uma paridade de gênero. Ainda que o caminho seja longo, não é possível retroceder. Sabemos que há muito a ser enfrentado, mas uma certeza segue inabalável: o debate não pode acontecer a partir de uma ótica machista e excludente.

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