Dor e ardência nos olhos pode ser um sinal de que algo não vai bem com a visão. Segundo a Associação Brasileira de Portadores de Olho Seco (APOS), cerca de 18 milhões de brasileiros são acometidos pela síndrome, o que representa em torno de 10% da população do País. E as mulheres têm maior incidência da doença, principalmente por conta das alterações hormonais que ocorrem com o passar dos anos e, principalmente as provenientes da menopausa.
De acordo com o oftalmologista Richard Yudi Hida, a síndrome do olho seco é uma doença crônica, caracterizada pela diminuição da produção da lágrima ou deficiência em alguns de seus componentes. Os principais sintomas são: ardor, irritação, sensação de areia nos olhos, dificuldade para ficar em lugares com ar condicionado ou em frente do computador e, sobretudo, olhos embaçados ao final do dia. “É importante que todos procurem um oftalmologista para consulta oftalmológica de rotina. Toda mulher que vivencia alterações hormonais como gravidez e reposição hormonal devem tomar mais cuidado, por terem mais predisposição aos sintomas do olho seco. Essa síndrome pode ser potencialmente grave se não tratada, pois pode causar um processo inflamatório crônico, perpetuando a falha da lubrificação pelos componentes da lágrima, essencial para a manutenção da vitalidade das células da superfície ocular. Este distúrbio pode produzir áreas secas sobre a conjuntiva e córnea, facilitando o aparecimento de lesões”, alerta.
A maior causa do olho seco é de causa ambiental e o processo natural de envelhecimento. Com o avançar da idade, a quantidade de produção de lágrima diminui devido ao envelhecimento natural das células produtoras da glândula lacrimal. De acordo com a APOS, aos 65 anos, uma pessoa produz 60% menos lágrimas do que produzia aos 18 anos, estimando, assim, que a incidência do olho seco nesta população esteja entre 15% a 40%. No entanto, é importante ressaltar que a doença também está relacionada à exposição a determinadas condições ambientais, dentre elas, a poluição e o uso excessivo do computador. “Outros fatores também estão associados ao aparecimento do olho seco. Além da idade avançada e menopausa nas mulheres, já citadas anteriormente, o uso de medicamentos como anti-histamínicos, anti-hipertensivos ou antidepressivos, o uso de lentes de contato, traumas, doenças reumatológicas e outros males do sistema imunológico, como artrite reumatóide, penfigóide e síndrome de Stevens-Johnson (reação alérgica exacerbada do organismo a um medicamento ou uma infecção), podem contribuir para o seu desenvolvimento”, comenta Hida.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Para ter o diagnóstico da doença é preciso que a pessoa procure realizar uma consulta de rotina com o seu oftalmologista. A avaliação oftalmológica específica para olho seco consiste em medir a produção, a qualidade e a estabilidade da lágrima, por meio de testes específicos. O mais utilizado é o teste chamado de Schirmer, que é feito da seguinte forma: coloca-se uma tira de papel de filtro estéril de 35 x 5mm, com os primeiros 5mm dobrados para encaixar na pálpebra inferior, e após 5 minutos, mede-se a quantidade de umedecimento da tira de papel. Valores superiores a 10 mm são considerados normais. “O tratamento da síndrome do olho seco depende da gravidade e do tipo de doença. Portanto, a avaliação específica com o seu oftalmologista é essencial”, aconselha.