sábado, novembro 23, 2024
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Não à cultura do estupro

Desumano, bárbaro, cruel, desalmado, perverso. Esses, entre tantos outros significados, seriam ainda insuficientes para qualificar um crime de estupro. A notícia de uma jovem de 16 anos violentada por, pelo menos, 30 homens, em uma comunidade da Zona Oeste do Rio de Janeiro, chocou e tem levantado discussões nas redes sociais.

Muitas pessoas pensam que esses crimes são mais comuns na Índia, mas a violência contra a mulher é um problema mundial e de ordem social. A realidade no Brasil não é diferente, uma vez que, frequentemente, a mídia nacional, regional e local divulga casos nos quais as vítimas são do sexo feminino, sejam elas crianças, jovens, adultas e até idosas.

Em janeiro deste ano, O POPULAR noticiou um caso de estupro seguido de roubo, ocorrido na zona Norte da cidade. A vítima foi uma jovem de 25 anos, abusada sexualmente pelo assaltante, dentro de sua própria casa, onde estava com sua filha recém-nascida. Segundo os dados divulgados, no final do ano passado, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos no Brasil. Na edição passada, o jornal trouxe em sua capa: “Segurança é preso acusado de estuprar filha de dois anos”. Essa foi mais uma ocorrência, dentre tantas outras, que mostra como, desde cedo, a dignidade feminina tem sido agredida tanto quanto seu próprio corpo.

Em março, o jornal divulgou que a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Mogi Mirim registra, por mês, quase 80 casos de violência contra a mulher, número significativo para um município com pouco mais de 90 mil habitantes. A lesão corporal, seguida de ameaça, é a agressão que lidera o ranking das queixas. A injúria aparece em segundo lugar. A DDM também informou que são crescentes os números de agressões contra mulheres mais idosas, já aposentadas.

Se uma parte da população ficou comovida e também se sentiu violentada com esse caso do Rio de Janeiro, por outro lado, uma parcela preferiu os comentários maldosos e jocosos ou fazer a famosa “vista grossa”. Contudo, esse é um problema da sociedade e todas as mulheres, ricas ou pobres, de direita ou esquerda, correm riscos enquanto as instituições, públicas e privadas, e também as famílias estiverem fomentando a conduta machista, opressora e de submissão do sexo feminino.

A cultura do estupro nada mais é do que o reflexo desse comportamento. Uma dominação do sexo masculino que, infelizmente, ainda vê a mulher como objeto de satisfação do prazer, ignorando sua condição de ser humano livre e independente. Elas, que são violentadas física, sexual e moralmente em casa, na rua e enquanto trabalham, merecem e precisam de mais iniciativas que as protejam e resguardem seus direitos. Que a mudança possa começar dentro dos próprios lares brasileiros, para que os filhos de hoje não se tornem os estupradores de amanhã.

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