Processo democrático de maior importância na engrenagem de um país, a eleição é um momento que representa um ato de cidadania e permite a escolha de representantes e governantes que tomarão medidas que irão interferir diretamente na vida de qualquer pessoa. Ao invés de vencedores e derrotados, em uma democracia falam mais alto as escolhas conscientes, amparadas pelo respeito e responsabilidade.
No último domingo, o Brasil viveu uma eleição considerada a mais acirrada desde 1989, desde a redemocratização. Dilma Rousseff, do PT, reeleita por mais quatro anos, e o tucano Aécio Neves, travaram uma disputa ferrenha, após uma campanha marcada muito mais pelo aspecto agressivo, com seguidas críticas e ataques um ao outro, do que pela discussão de propostas e medidas que melhorem o país como um todo.
Após uma apuração às escondidas, com as parciais impossibilitadas de serem divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral devido ao fuso horário do Acre, que em razão do horário brasileiro de verão estava com três horas de diferença em relação à Brasília, a chegada do resultado veio junto a uma enxurrada de reclamações de grande parte do eleitorado mogimiriano contra a vitória de Dilma e do PT. Redes sociais e aplicativos de conversas instantâneas foram tomados por um sentimento de indignação e revolta. Outros inúmeros debates em diversos cantos da cidade iam ao mesmo sentido.
Não é para menos. Outra vez Mogi Mirim viu o PSDB vencer com facilidade mais uma campanha, situação presenciada no primeiro turno. Outros processos eleitorais, sejam municipais ou em âmbito federal na cidade já mostraram que o PT conta com pouca simpatia do eleitorado, e é um partido marcado negativamente em Mogi Mirim. O discurso por uma mudança de poder nos rumos do país, tão utilizado pela oposição durante a campanha, parece ter sido adotado pelo mogimiriano.
Mas na eleição é preciso entender que a democracia permite a escolha de um candidato que não conte com a simpatia da maioria dos eleitores. Apenas um vence, e neste caso não adianta um bombardeio de críticas e ofensas abruptas. É preciso aceitar a realidade, torcer para que os ponteiros se acertem e o país melhore em setores considerados essenciais para o desenvolvimento. Chegar ao ponto de xingar e propor a separação do Nordeste do restante do país, devido à maciça votação do eleitor daquele estado no PT, situação presenciada nos últimos dias, beira o absurdo e não parece ser a melhor solução para a mudança de um país. Além do Nordeste, Aécio Neves perdeu em Minas Gerais, seu berço eleitoral, e onde não foi capaz de angariar uma quantidade suficiente de votos que poderia lhe dar uma vantagem nas urnas.
Ao invés disso, o eleitor de Mogi Mirim deveria olhar para o próprio umbigo e começar a se envolver de maneira mais participava e eficaz na política local e não apenas em momentos isolados do ano. Ele deveria ser um membro ativo da sociedade cobrando os representantes políticos ou tentando participar das decisões. A mudança poderia começar por isso.