Enquanto executou um trabalho inexpressivo no Esporte, Marcos Dias dos Santos, o Marquinhos, brilha na Cultura, como um dos melhores secretários da atual gestão. Com diversos projetos, ensina como se realizar muito com pouca verba, com criatividade e motivação. Um de seus feitos é o Dia do Samba, valorização de uma das grandes expressões culturais brasileiras. No ano passado, já havia feito uma festa brilhante e, em 2018, aperfeiçoou, com dois dias de samba em uma cidade há pouco tempo carente de eventos, especialmente no Teatro de Arena, por muitos anos mal explorado. Com atrações especiais, atraiu grande público.
Embora tenha sido um sucesso, registrou uma confusão que sinalizou falhas na Segurança. Iniciada por motivos pessoais, o que poderia ter ocorrido em diversos cenários, a confusão seria contida com certa tranquilidade não fosse o desejo de populares de instigarem a briga. Com a briga instigada e falhas na organização, a violência ganhou proporções maiores e um Guarda Civil Municipal foi ferido. Como, por sorte, não ocorreu uma tragédia, o episódio teve até um lado positivo na medida em que serviu de alerta para correções. É preciso uma autocrítica e reformular o que saiu de errado em 2019.
O ocorrido foi um prato cheio para discursos oportunistas de comentaristas de resultado, que vivem à espreita, à espera de um erro para se esbaldar em açoites. Marquinhos e a atual gestão não podem se acovardar e devem seguir com o Dia do Samba, sem ceder à pressão para diminuir o número de dias e, se possível, até ampliando para três.
É importante que não se caia no comodismo que Mogi Mirim se habituou a ver de se cancelar eventos para evitar brigas em vez de organizá-los buscando evitar as confusões, algo que ocorreu com a Romaria, por exemplo. Confusões são riscos naturais de grandes eventos, como shows e jogos de futebol, e o lazer não pode deixar de ser valorizado por fatos isolados, pois está associado à qualidade de vida.
É curioso ver o vereador Samuel Cavalcante (PR), eleito na onda de um jingle de qualidade pobre, se opor a uma rica manifestação cultural. Curioso definir o lazer como política de pão e circo, após se notabilizar na campanha mais na insistência de um jingle incômodo do que por propostas. Samuel pediu para se parar com hipocrisia, pois Mogi tem prioridades. Hipócrita parece ser o discurso de Samuel, ao dar a impressão de que com a verba do samba resolveria todos os problemas de Mogi. Cada secretaria possui sua dotação orçamentária.
Samuel listou 25 problemas como razões para não se fazer o samba, incluindo os enormes do Parque das Laranjeiras e Santa Casa. Não bastasse a verba do evento ser irrisória em comparação a essas necessidades, menospreza a importância do lazer. Para o bem da Cultura, espera-se que a Prefeitura não caia no comodismo nem se contagie pelo discurso de visão estreita do vereador.