O desleixo do Poder Público em diferentes épocas e localidades é um dos principais males das administrações, capazes de arruinar uma cidade. Deixar de desenvolver ações importantes, por vezes aparentemente meros procedimentos, é algo preocupante principalmente por escancarar uma falta de comprometimento. O comodismo de não realizar serviços públicos básicos utilizando justificativas medíocres, previsíveis e imprevisíveis, oferece às administrações um perfil de falta de respeito com a cidade e munícipes.
A situação em que chegou o mato em pleno Cemitério Público municipal ilustra o momento de caos, servindo como um símbolo do absurdo. As fotografias exibidas na edição de O POPULAR de sábado servem como uma espécie de “grito” do cemitério, pedindo socorro. Independente de o mato ser cortado, a situação não poderia chegar aonde chegou. A impressão que passa é que a Prefeitura não tem a noção do que representa a cena. Mais do que simplesmente mato, a imagem do local demonstra a falta de respeito com os familiares, que passam o constrangimento de verem os túmulos de seus entes queridos tomados pelo matagal.
O ambiente do cemitério por si só já é capaz de oferecer uma sensação de melancolia por razões óbvias. Espera-se como fator mínimo que se busque uma atmosfera mais leve para transmitir um pouco de paz aos familiares. Aqueles que procuram o cemitério não merecem ser recebidos daquela forma, que gera a perspectiva de que a Administração Municipal não se importa com a história dos mogimirianos ali enterrados. Por mais simples que seja, o simbolismo do matagal no cemitério chega a ser grave.
A falta de respeito às vezes deixa de existir com base mais na pressão do que por boa vontade. Há um questionamento em relação à revitalização da Rua XV de Novembro. Sem dúvida, hoje se oferece mais respeito ao cidadão, que tem um caminho melhor para transitar, sem precisar se espremer na calçada. Para se conseguir a revitalização, porém, foram anos de cobrança e pressão, o que deixa a pergunta se a Prefeitura tomou a atitude pensando em respeitar mais ou por motivos variados.
Outro exemplo interessante ocorreu em dezembro, na Rua Sete de Setembro, com as chuvas, deixando o asfalto estufar, abrindo crateras e fazendo um trecho da rua ser interditado. Os motivos para o buraco ficar um período daquela forma foi o recesso de final de ano da Prefeitura e a falta de material para o reparo da via devido às férias coletivas da empresa fornecedora. As justificativas mostram bem o respeito (ou falta dele) oferecido pela Administração e a falta de um planejamento mais eficiente.
Para planejar, inclusive, é fundamental saber para quem se governa. Um asfalto aberto, uma rua apertada ou um mato alto retratam como boa vontade e planejamento são fatores essenciais para viabilizar o respeito ao ser humano, pois é ele o habitante e contribuinte da cidade.