sábado, abril 19, 2025
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Não são só flores

Celebra-se hoje o Dia Internacional da Mulher. Mas, mais do que uma data comemorativa, o 8 de março deve ser visto como um momento de reflexão sobre as conquistas já alcançadas e da luta por aquelas que o público feminino ainda tanto almeja. As discriminações e violências morais, físicas e sexuais sofridas pelas mulheres ainda são muitas. É, no mínimo, contraditório ter um dia dedicado a elas, se boa parte ainda se vê oprimida nos demais 364 dias.

De acordo a reportagem publicada pela Agência Brasil, em março de 2016, a violência doméstica é responsável pela morte de cinco mulheres por hora no mundo, conforme dados da organização não governamental (ONG) Action Aid. A informação é resultado de análise do estudo global de crimes das Nações Unidas e indica um número estimado de 119 mulheres assassinadas diariamente por um parceiro ou parente.

A ActionAid prevê que mais de 500 mil mulheres serão mortas por seus parceiros ou familiares até 2030. Ainda segundo a mesma publicação, na América Latina, o Brasil é o quinto país em violência contra as mulheres. Dados do Instituto Avon apontam que três em cada cinco já sofreram violência nos relacionamentos. Embora, existam ações e campanhas, mundo afora, que preservem os diretos das mulheres, a violência, infelizmente, é uma realidade diária para milhões delas.

Além disso, existe a cultura de se naturalizar esses atos criminosos. Por isso, é tão difícil para mulher denunciar um caso, já que as pessoas sempre vão colocar em dúvida a versão apresentada por ela. O mercado de trabalho, por exemplo, é outro martírio para o público feminino.

Com salários e cargos, muitas vezes, inferiores aos dos homens, a mulher ainda é punida por ser um ser gerador de vidas. A maternidade tem um alto preço no mundo da carreira. Isso, sem contar que os afazeres domésticos e os cuidados com a família recaem sobre elas, dificultando ainda mais a possibilidade de crescimento no ambiente profissional.

Na política, área dominada por homens, a representatividade feminina também fica aquém do ideal. No município mesmo, dos 17 vereadores eleitos, apenas duas são mulheres. O Brasil está na posição 154 em um ranking da União Inter Parlamentar (Inter-Parliament Union – IPU) que avaliou a participação das mulheres nas casas legislativas de 191 países.

Nesta quarta-feira, que a sociedade, em geral, possa compreender que as mulheres querem, e merecem, mais do que flores e felicitações pelo seu dia. Respeito e igualdade são os presentes mais dignos que se pode oferecer a elas.

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