sexta-feira, novembro 22, 2024
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Não seriam malvadezas inevitáveis?

Estou longe, zilhões de quilômetros longe de aplaudir as duras decisões que a presidentE Dilma Rousseff vem adotando nestas preliminares de seu segundo governo. Engrosso o coro dos contrariados. Inclusive porque serei, como todos os brasileiros (será que há alguém imune?), punido pelos efeitos das malvadezas atrozes.

Mas, de repente, me pego dialogando aqui com meu Tico e meu Teco – ainda fiéis companheiros: será que teria jeito de não fazer? Será que, se não fizesse, o governo não naufragaria logo de imediato a deixar o porto?

Domino economia tão competentemente quanto domino o sânscrito. Mas, como de médico, louco, técnico de futebol e economista cada um tem um pouco, enfio também a minha colher nesse angu.

Em especial no ano passado, o governo escancarou as burras, fez jorrar dinheiro com a intensidade de tsunami. A reeleição estava em jogo e, mais do que isso, a continuidade do reinado iniciado com Luis Inácio. Assim, não seria Dilma que gostaria de entrar para a história como alguém que interrompeu o ciclo virtuoso de 12 anos.

Nem vou entrar em consideração sobre outros fatores que levaram o governo à iminência da ruína. O fato é que, com forte contribuição do viés político das bondades oferecidas na pré-eleição, a situação se tornou insustentável.

Ora, agora, ou se aplica um remédio amargo, mas eficaz, ou o país despenca do precipício em queda livre. O raciocínio é simplista, mas eu também não tenho a pretensão de convencer doutos. Estes têm convicções consolidadas.

Assim, o que Dilma está fazendo é o inevitável. Está salvando a sua pele ao custo de arrancar a nossa, para não por a perder os reconhecidos avanços dos últimos anos.

Então devemos nos conformar? Não é o que estou defendendo, mas apenas tentando entender as razões pelas quais alguém, caracterizada como a ‘mãe das bondades’ durante a campanha eleitoral, não mais que de repente se transforma em um capeta de saias, protagonizando ações doloridamente cruéis.

(Parênteses: não é que Dilma saiba o que tem que ser feito, mas é obediente à equipe que recrutou para fazer).

Bom, além dessa arenga que eu arrastei até aqui, tem uma particularidade que precisa ser considerada para explicar as chibatadas com as quais estamos sendo açoitados. Está na bíblia dos políticos que as maldades que tiverem que ser feitas durante o governo, devem ser feitas logo no primeiro ano. Depois, restam mais três para fazer o povo esquecer e sair-se o gestor nos ombros da patuleia ao final do mandato.

Pode ser que Dilma esteja juntando a fome com a vontade de comer. A necessidade imperiosa de decretar medidas agudas e a oportunidade de fazê-lo logo de cara, com tempo para recuperar a reputação nos anos seguintes.

Sendo por uma ou pelas duas razões, não desconsidero a hipótese de que, reposta a aeronave na rota devida, Dilma pavimente o caminho para o quinto mandato presidencial petista em 2018. Provavelmente com Inácio de novo.

Valter Abrucez é jornalista autodidata. Ocupa, atualmente, o cargo de Secretário de Comunicação Social na Prefeitura de Mogi Guaçu e escreve aos sábados em O POPULAR

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