Com nadadores como Conrado Lino e Matheus Bertalozzi de Souza atingindo conquistas estaduais e competindo contra grandes nomes da natação nacional, Mogi Mirim comprova potencial na modalidade, mas nas categorias de base e competições adultas expressivas é extremamente dependente do trabalho isolado do técnico Ricardo Martiniano, da Free Play/Clube Mogiano, responsável por conduzir a cidade ao título de campeã por equipe dos Jogos Regionais. A piscina municipal Paulo Borges Monteiro, no Tucurão, foca aulas de hidroginástica e iniciação.
Ex-nadador e hoje técnico da seleção brasileira, o mogimiriano Ricardo Cintra se preocupa ao ver o potencial da cidade ser explorado abaixo do que poderia. Casado e treinador da nadadora Poliana Okimoto, campeã mundial de Esportes Aquáticos, que eventualmente treina no Clube Mogiano, Cintra sonha ver Mogi como uma potência da natação e até gostaria de participar do projeto.
A natação poderia explodir especialmente se fosse melhorada a privilegiada estrutura do clube. O aquecimento da piscina olímpica poderia colocar Mogi em outro patamar. Para Poliana, é necessário um projeto visando criar uma cultura esportiva, com capacitação de mais profissionais para se somar a Martiniano e André Faria, que comanda uma equipe máster no Clube.
Definindo-se como teimoso, Martiniano sempre brigou pela natação e é responsável por oferecer uma estrutura mais profissional à equipe. O treinamento, antes apenas na academia, em piscina de 25 metros, com a parceria, ocorre também no Mogiano. Destaques, Conrado e Matheus recebem remuneração do Bolsa Atleta, programa do governo federal, e são remunerados pela Free Play. O pagamento é necessário porque atletas treinam o dia todo, como profissionais. A Free Play tem um gasto de R$ 20 mil por ano, com custos com transporte, remuneração e suplementos. Tem ainda uma equipe multidisciplinar viabilizada por parcerias. Ao nadador cabe custear o nutricionista. Ainda assim, as diferenças são monstruosas em comparação a grandes clubes.
Martiniano lamenta a carência de incentivo de alguns pais. E a falta de continuidade no esporte municipal com as trocas de prefeito é apontada como um problema histórico. A ausência de projetos do poder público é criticada, especialmente quando há a colaboração só com o transporte. “Esporte não é mantido por esmola”, dispara Martiniano.
Aquecimento no Clube revolucionaria panorama
Poucos clubes no Brasil têm a estrutura do Clube Mogiano, com uma piscina de 50 metros e outra de 25, além da sala de musculação. O aquecimento da piscina olímpica, permitindo treinos em épocas de frio, poderia ser revolucionário. “Se aquece, você tem uma estrutura boa para montar uma equipe”, defendeu Poliana Okimoto, em entrevista a O POPULAR, quando se preparava para o Mundial.
A campeã mundial poderia passar a fixar seus treinos no clube e permitir o uso de sua imagem. Cintra entende que o clube poderia ter categorias de base repletas de crianças. “Tem o Ricardo (Martiniano) sozinho, dois atletas campeões paulistas mesmo com as dificuldades. Não entendo porque que Mogi não tem essa veia competitiva, as empresas não ajudam, a Prefeitura não faz projeto, projeto para esporte de alto rendimento é zero”, desabafa Cintra.
O Departamento de Esportes do Clube Mogiano revela estar entre as prioridades o aquecimento, mas há outras demandas. Inicialmente, estuda a melhor forma de aquecer, mas entende ser possível para 2014. O diretor de Esportes do Clube, Luiz Carlos Martinelli Patelli, o Guguinha, destaca a ideia de ver Cintra atuando no clube e a imagem de Poliana ser explorada, além de serem capacitados professores. O aquecimento é estimado em R$ 110 mil, com R$ 10 mil de manutenção mensal. Poderia ser buscado recurso pela Lei de Incentivo ao Esporte. A ideia é tornar o clube uma potência da natação do interior e, após o aquecimento, homologar a piscina para sediar campeonatos nacionais.