Emma e João Garros, Extraordinário Casal Ítalo – Mogimiriano (Parte 1)
Turim (Torino), Itália, 16 de junho de 1881. Nascia Giovanni Baptista Sebastiano Garro, filho de Domenico Garro e Celestina Botasso Garro. Em sua infância estudou no Colégio Salesiano de Torino e um de seus professores foi Dom Bosco, padre fundador daquele colégio. Uma curiosidade sobre Dom Bosco é que ele, um século antes, previu a construção de Brasília, no Brasil e que uma aparição lhe descreveu e afirmou que seria a capital mais moderna do mundo!
Ao terminar seus estudos, Giovani Garro (João Garros), foi trabalhar com seu pai Domenico em sua fábrica artesanal de calçados na capital da Lombardia. Em 1895, e quando estava com 14 anos, uma grande crise econômica afetou a Itália e consequentemente a fábrica de calçados da família. Preocupado com o futuro, Domenico, o pai de Giovanni, resolveu partir para o Brasil, país do qual falavam maravilhas e que oferecia grandes oportunidades econômicas.
Após um cruzeiro de 26 dias, o navio que transportava a família Garro chegou ao porto de Santos, no Brasil, onde desembarcaram Domenico, sua esposa Celestina e seus filhos Giovanni e Luigi. Da Hospedaria dos Emigrantes partiram para Campinas, local onde o fazendeiro que os contratou aguardava para trabalharem como colonos nas plantações de café.
Após anos de trabalho sob sol e chuva nos cafezais, a família Garros conseguiu com grande sacrifício economizar boa quantia em mil réis, através de uma alimentação com produtos da terra (polenta de milho, ovos, frangos, linguiça, hortaliças e vinho artesanal), confeccionando a própria roupa (trajes de sacos de farinha, luvas e meia de panos, sapatos de couro de fabricação própria).
Com o dinheiro obtido, compraram a prestações duas propriedades em Mogi Mirim, no bairro Vatinga. Numa foi residir Luigi e na outra Domenico, Celestina e o filho Giovanni, onde plantaram inicialmente milho, mandioca, arroz e feijão, partindo depois para a fruticultura com grande plantio principalmente de abacaxi, com cerca de 2 milhões de pés, se transformando no maiores produtores do Estado de São Paulo e chegando a exportar para os Estados Unidos e Europa, através do porto de Santos e transportados por estradas de ferro.
Em nove de setembro de 1905, quando estava com 23 anos, Giovanni casou-se com sua patrícia italiana Emma Federicci e que tinha 18 anos. Dessa união conjugal nasceram 11 filhos: Celestina, Giselda, Domingos, Angelina, João, José, Noemi, Miriam, Maria Helena, Ariovaldo e Gianette. Com o crescimento dos filhos, os homens passaram a ajudar na lavoura e as mulheres ajudando a mãe na confecção de doces e salgadinhos que eram vendidos e transportados em carroça e charrete nos sítios e em Tujuguaba e Conchal.
Giovanni e que havia adotado o nome de João Garros, além da labuta na roça, aproveitava a experiência estudantil dos tempos da Itália e passou a lecionar português e italiano aos imigrantes – seus patrícios. Aconteceu que a maioria deles era analfabeta, não sabendo sequer escrever o próprio nome e assim passavam grande dificuldade de expressão no Brasil. Com seu cavalo Pingo e auxiliado pelas duas filhas mais velhas, Celestina (Celeste) e Gizelda (Ziza), as quais iam de charrete, eles percorriam sítios e fazendas ensinando os italianos residentes em Mogi Mirim e nos bairros rurais.
Homem de extraordinária têmpera e espirito empreendedor, João Garros se envolveu em diversas iniciativas: foi um dos fundadores e 1º secretário da Società Italiana dí Mutuo Socorsso, representante regional do Consulado Italiano, do jornal paulista A Fanfulha, da companhia CICA industrial, empresário produtor de polpas de tomate, abacaxi, goiaba e laranja para doces. Era católico fervoroso e membro da Irmandade de São José, grande cabo eleitoral dos políticos da época. Torcedor fanático do Palmeiras e da Juventus de Turim (Torino).
João Garros faleceu às 15h15 do dia 22 de julho de 1971, aos 90 anos de idade, em Campinas e onde foi operado, vítima de embolia pulmonar e foi sepultado no Cemitério da Saudade, em Mogi Mirim, no túmulo da família Garros.
No próximo artigo contarei a história de Emma Garros, esposa de João.
Túnel do tempo:
Em oito de dezembro de 1986: segundo dados estatísticos da Prefeitura Municipal, Mogi Mirim possuía em 1986, 1.256 propriedades agrícolas, sendo 1.093 de 01 a 50 alqueires, 93 de 51 a 100 alqueires, 62 de 101 a 500 alqueires e oito acima de 500 alqueires.
Preceitos Bíblicos:
”O Senhor é fiel para sempre, faz justiça aos que são oprimidos, dá alimento aos famintos, é o Senhor que liberta os cativos, abre os olhos aos cegos. O Senhor ama aquele que é justo. O Senhor reinará para sempre”. (Salmo 145)