sexta-feira, novembro 22, 2024
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Nelson Patelli Filho recorda sobre acontecimentos de 1932

As novas gerações pouco sabem a respeito da Revolução Constitucionalista de 1932 e, principalmente, dos acontecimentos por ela gerados em nossa cidade.
Apesar dos dramas dessa guerra brasileira, registram-se fatos curiosos e que consegui através de depoimentos e documentação da época. Vamos a eles:

O Terror do Menino Genário Botelho

Pouco antes de falecer, o comerciante Genário Botelho prestou-me depoimento sobre a Revolução e quando ainda ele era criança:
“Eu morava com minha família na casa ao lado da Matriz de São José e onde meu pai tinha a antiga sorveteria São José. Eu e também todos meus amiguinhos de infância em Mogi Mirim estávamos com muito medo e não saímos à rua, pois corriam boatos pela cidade, aterrorizantes, sobre os soldados nortistas das tropas de Getúlio Vargas, que invadiram Mogi Mirim em setembro de 1932. Diziam que eles eram terríveis monstros, que faziam churrasquinho de criancinhas e tomavam pinga com pólvora!
Um dia arrisquei-me a sair de casa e fui parado por oficial federal e que tranquilizou:
– Não tenha medo menino, não vamos fazer nada contra o povo e muito menos com as crianças!
Em seguida presenteou-me com balas e doces. Suspirei aliviado e vi que era tudo boato de gente maldosa, do tal churrasquinho de crianças e pinga com pólvora!

O Engano da População

Quando estava iminente a tomada de Mogi Mirim pelas tropas federais, o povo debandou para os sítios e a zona rural e onde pensava-se que haveria mais segurança.
Meu saudoso tio, Antonio Storti (Tunin), saiu do sítio de meu avô na Vatinga para comprar remédios na cidade. Como a maioria das farmácias estava com portas fechadas em virtude da anunciada invasão das tropas governamentais, Tunin foi batendo até ser atendido por um farmacêutico. Nessa ocasião, surgiu um oficial do exército:
– O que o senhor está fazendo na cidade a esta hora da noite?
Ao responder que estava comprando remédios meu tio contou que o soldado aconselhou:
– Pois volte já e diga para seus parentes e amigos que voltem para a cidade, pois os grandes combates serão realizados nos sítios e setores rurais!

Odette Coppos e os Refugiados Itapirenses
Outro valioso depoimento é o de Odette Coppos, escritora de Itapira:
“Nossas famílias, Coppos, Fiordomo, Toledo e Aguiar Toledo, reunidas, optaram rumar para Mogi Mirim e se esconder nos sítios de amigos e familiares”. Mas, quando estavam alojados no sítio de Antonio e Loló Franco, foram alertados para retornar a Mogi Mirim, pois os combates realizaram-se no setor rural. Obedecendo o conselho, o grupo com mais de 30 pessoas pegou a estrada conduzidos num velho carro de boi. No caminho foram revistados e interrogados pelos soldados federais, que ao verem as belas moças itapirenses do grupo, exclamaram:
– Os paulistas não souberam fazer a Revolução. Tivessem armado moças bonitas como estas, invés de marmanjos, certamente ganhariam a guerra, pois nos renderíamos!

O Padre Combatente
Durante a batalha do Morro do Graví, o capelão das tropas paulistas, padre Luiz de Abreu, em meio aos tiros de canhão e metralhadoras, rezava com a Bíblia nas mãos. Em dado momento um tiro quase chamuscou o livro santo. Indignado, o padre largou a Bíblia e empunhou um fuzil, dizendo:
– Deus me perdoe! Conta-se que a partir desse momento foi um dos mais destemidos e valorosos combatentes paulistas!

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