No último capítulo de seu bate-papo no Boteco, o ex-atleta e ex-técnico de futebol amador, Nenê Patelli, recorda antigas aventuras, como as idas para partidas direto das noitadas.
Boteco – Hoje em dia, com os grupos de WhatsApp, quando vai ter um jogo, um avisa, todos ficam sabendo. Antes dava muito trabalho ter que avisar todos?
Nenê – Pô, quantas vezes eu batia… Amistoso para dar 12, 13, para jogar, ia na casa do nego acordar.
Boteco – Pessoal tinha ido pra noite?
Nenê – Sempre, até o treinador ia, eu ia pra noite também.
Boteco – Lembra de alguma história assim?
Nenê – Tinha uma vez que a gente tinha um amistoso, 9 horas da manhã, a gente ia jogar naquele Água Branca. Rapaz, nós fomos lá na Queops, na estrada de Campinas, eu e o Paulinho Scomparin, um alemãozinho que jogava de volante. Saímos de lá 6h30 da manhã, eu fui direto, né?
Boteco – E foi bem?
Nenê – Acho que não, é duro, quantas vezes…
Boteco – Nem dormia?
Nenê – Nem dormia. Na época do Davoli eu fui várias vezes jogar virando a noite.
Boteco – Jogava melhor ou não?
Nenê – Ah, não. Uma vez nós fomos jogar contra um time amador no campo da Itapirense, 9h da manhã. Rapaz, eu fui pra balada…
Boteco – Você estava de técnico ou jogador?
Nenê – 11 comigo, eu entrei, mas tava mamado. Eu era técnico, mas tive que jogar. 10 minutos de jogo, eu pensei que ia dar um infarto em mim. Eu saí engatinhando pro vestiário, entrei debaixo do chuveiro, pensei que ia morrer, rapaz.
Boteco – Largou o time no meio do jogo?
Nenê – Larguei. Joga aí, não tô nem aí, pensei que ia morrer. Teve uma partida, vai conversando, vai lembrando, nós jogamos no campo da Possense. Fomos jogar um jogo contra o União Possense, no campo da Posse, o Neto já estava no Guarani, era a grande estrela, ele jogou esse jogo e eu joguei de lateral-direito. O Neto jogou contra a Academia pelo Possensse.
Boteco – E você já conhecia ele do Davoli?
Nenê – Antes, jogamos antes. E eu marquei ele lá, eu de lateral-direito, ele de ponta-esquerda. Falei: “Neto, não vem de firula, não, que eu vou dar uma no seu meio”. Cheio de gente, mas nunca ia fazer isso.
Boteco – Você era de bater de vez em quando?
Nenê – Ah, eu chegava junto, não sei que finta ele foi dar em mim, eu dei no meio dele, machuquei ele sem querer, não era a intenção. O juiz expulsou eu, a torcida queria me pegar, tive que correr pro vestiário.
Boteco – O Neto queria pegar você também?
Nenê – Não, depois eu conversei com ele, foi sem querer, mas peguei na perna dele, uma porrada. Meu primo Carlinhos Patelli fez um gol do meio de campo, foi 1 a 1, mesmo com 10, empatamos.
Boteco – Na beira do campo, você xingava os árbitros? Ficava nervoso? Lembra alguma história?
Nenê – Xinguei. Tem uma história com um goleiro do Tucura, no campo do Mirante. Não sei o que ele fez lá que eu saí correndo atrás dele, ele saiu do gol, correu atrás do gol, eu correndo atrás dele, tava acabando o jogo, eu perdi aquele dia. Tem outro lance também que tinha os advogados que faziam a votação para negócio de expulsão. E a regra… Uma vez eu fiz a Santa Cruz perder uns pontos, o Leiteiro ficou louco: “não existe isso”. Porque o jogador dele estava sem chuteira e sem meia no banco. Eu (técnico do Academia) falei pro juiz: “coloca na súmula”. Entrei com recurso e ganhei, Leiteiro ficou louco da vida: “não existe isso aí”. E os advogados na época foram a favor do meu recurso. Não sei como ganhei, não existe e um dos advogados que eu lembro era o Douglas Whitaker, tinha a Junta. Na minha época era no Lavapés.
Boteco – Não teve vontade mais de voltar pro futebol?
Nenê – Não tenho, hoje tenho meus hobbies, gosto de jogar meu poquerzinho, de segunda e terça, que eu brinco. Tem uma jantinha também em uma edícula.
Boteco – Valeu, Nenê!