Ex-técnico de futebol amador, José Antonio Brait Patelli, o Nenê, recorda as origens e curiosidades da Academia, que deixou sua marca no esporte da cidade entre as décadas de 70 e 80. Nenê ainda relembra a fundação da Associação de Clubes de Futebol Amador de Mogi Mirim (ACFAMM).
Boteco – Você jogava também ou sempre foi técnico?
Nenê – Joguei quatro anos nos juniores do Mogi, de lateral-direito. Até que parei por causa do time da Academia. O time foi uma fusão do pessoal que jogava nos juniores do Mogi. Era 82, estourou idade e a gente: o que vamos fazer?
Boteco – Como surgiu o nome Academia?
Nenê – O Márcio Zeferino e o Nelsinho Zorzetto tinham uma academia, onde era a fábrica de Guaraná Stort e nos patrocinavam no uniforme, então ficou Academia. Aí disputamos o primeiro campeonato, organizado pela Prefeitura. Idade adulta. Fomos vice da Segunda Divisão e subimos. Perdemos da Cloroetil, do Zé Márcio. Quando o Márcio e o Nelsinho venderam a Academia, quem vai nos ajudar? Quem me apoiou e jogou foi o Wandir Rondon, ex-ponta do Mogi. Ele tinha uma academia no Centro e nos patrocinou.
Boteco – E vocês faziam academia?
Nenê – Todos tinham direito, três, quatro vezes por semana se reuniam lá. Era muito gostoso.
Boteco – Quem eram os destaques do time?
Nenê – Gualberto, Paulo Fábio, Torezan. Paulo Fábio estava no auge, jogou na seleção brasileira universitária, Campeonato Mundial, foi campeão. E a Academia subiu para a Primeira Divisão e a Prefeitura não ia organizar mais. E aí um fato interessante que muita gente não sabe: Fizemos uma reunião na Vila São José e nesta reunião, nasceu a ACFAMM, que hoje é a Lifamm. Quem idealizou, que conversou, vamos fazer, quem puxou isso, foram Zé Márcio, Paulo Bolinha e eu… e o Arlei Diogo, menos. Mas fomos nós quatro. Aí foi decidido, Paulo Bolinha presidente, Zé Márcio vice, eu fiz parte da diretoria. E no primeiro ano, Tucura forte, Cloroetil forte, Academia forte, os três. Só que a Academia nunca deixaram chegar, porque chamavam de time de rico.
Boteco – Prejudicavam vocês?
Nenê – Principalmente a arbitragem, o Paulo Bolinha também manipulava bastante, fez muito pelo futebol, mas manipulava. Quem escalava os árbitros, reuníamos na sexta-feira, Paulo Bolinha, Zé Márcio e eu. E saíam discussões entre nós três, porque em uma partida importante da Academia indicaram o Dias para apitar e eu não queria.
Boteco – Eles se juntavam contra você? Você sentia isso?
Nenê – Oh, quantas vezes, quantas vezes fomos prejudicados.
Boteco – Eram dois votos contra um?
Nenê – É, fazer o quê? Tinha que aceitar. Nós três escalávamos os árbitros e depois o Marquinhos que hoje é diretor de Esportes, naquela época pelo Maria Beatriz, ele começou muito tímido, mas foi desenvolvendo. Mas a Academia nunca chegou para disputar um título.
Boteco – Quanto tempo durou a Academia?
Nenê – Durou de 82 a 94, quando eu casei, eu parei, quando nos caímos para a Segunda Divisão.
Boteco – Qual foi o melhor momento da Academia?
Nenê – Em 1992, nós ficamos em terceiro lugar, eliminamos o Oxicom, que era uma seleção, tinha Wagninho, Badi, Paulinho Scomparim. Era o time na época que pagava, Toninho Naressi fez um timaço. Eliminamos 2 a 0, gol do Gualberto e Caneco, na semifinal. Nosso time jogavam Bonetti, Guguinha, Paulo Fábio, Ricardo Rossi, Roberto Stringuetti, Paraná, Marco Lino e, a grande atração, Zé Roberto.
Boteco – Depois de ganharem da Oxicom, como foi?
Nenê – Ganhamos do Oxicom, fomos pra semifinal contra a Vila Dias, perdemos de 4 a 1, no Tucurão. Mas era aquilo lá, pessoal não queria que a Academia chegasse na final.
Boteco – Nenê volta para recordar aventuras divertidas em viagens pelo Davoli e Academia, além de contar como superou a desconfiança de dirigentes da Santa Cruz ao lançar o goleiro Barione no futebol amador.