O prefeito Carlos Nelson Bueno afirmou, em entrevista na quarta-feira ao canal de TV online, Mogi Play, que não há a menor possibilidade de a Prefeitura gerir a Santa Casa de Misericórdia juntamente com a Irmandade. A sugestão vem sendo aventada em reuniões, como a promovida pelo ex-vereador Luiz Guarnieri e por vereadores na tribuna da Câmara Municipal.
“Nenhuma”, disse, categoricamente, quando questionado sobre essa possibilidade. “Tive dificuldades com a Santa Casa nos oito anos: nos dois primeiros mandatos e nesse também. Quer dizer: a situação da Santa Casa chegou num ponto em que não existe como resgatar o tamanho da dívida que ela construiu. É uma dívida da irmandade, que é três vezes maior do que o patrimônio do hospital. Na verdade, a gente não sabe nem o tamanho dela”, justificou.
Segundo o prefeito, nem o hospital teria o valor exato do que deve, já que a organização não foi sequer auditada. Portanto, seria impossível tirar dinheiro dos cofres públicos para pagar débitos de uma entidade privada. Além dessa questão, Carlos Nelson deixou claro que a relação entre as partes, que não é boa, não daria certo em uma atuação conjunta. “A cada decisão, teríamos um problema a ser resolvido”, afirmou.
Comprar o prédio da Santa Casa e manter o hospital municipal também é descartado. Para CNB, seria impossível, com a quantidade de dívidas que o órgão possui, retirar o principal bem deles, e também pelo desinteresse em um prédio tido como velho e saturado, fora dos padrões que se aprova atualmente para um hospital municipal.
A intervenção anterior, realizada por decreto da Prefeitura, foi lembrada pelo prefeito, que admitiu ter sido autoritário na época. “Fiz uma intervenção autoritária porque era insuportável continuar vivendo como a população vivia. A população não entendeu. Agora foi a Justiça que entendeu. Não me ouviram. Se tivessem ouvido há seis anos, a dívida não chegaria aos escandalosos 48 ou 58 milhões de reais, pelo que falam. Não sei quanto é”, comentou.
CNB: “Mogi não terá uma Santa Casa daqui 2 anos”
A intervenção parcial de serviços SUS da Santa Casa, com prazo de um ano, decretada pela Justiça, pode durar mais. Na verdade, o prefeito Carlos Nelson, em suas declarações, já dá como certa que a duração seja de dois anos. E, após esse período, será difícil ver a Santa Casa de pé, para o mandatário da cidade.
“Vou apenas lamentar se não for aprovado (o projeto do hospital municipal). Mogi Mirim não terá uma Santa Casa daqui dois anos”, afirmou à Mogi Play. A construção de um hospital municipal é tratada como uma “oficina de saúde”, por CNB, já que, nos planos dele, poderá gerar empregos para 600 a mil pessoas.
“Temos condição financeiras, orçamentárias, econômicas e temos confiabilidade”, disse, se referindo à Caixa Econômica Federal, que emprestará o dinheiro, caso as propostas sejam aprovadas pelos vereadores.
Prefeito se comunica por vídeos no Facebook
Com a esperança de ter o projeto do hospital municipal aprovado pela Câmara Municipal, Carlos Nelson vem se comunicando com a população através de vídeos divulgados no Facebook. Um mês após anunciar a ideia da construção de um hospital público municipal pela rede social, a Prefeitura passou a colocar o assunto em pauta, por meio de pronunciamentos do prefeito.
Já são cinco vídeos, contando com o primeiro, do anúncio do empreendimento. O último deles foi publicado na terça-feira. Neste, CNB se mostra preocupado com o tempo para aprovação dos vereadores. Nos outros três, o prefeito responde aos questionamentos: “Hospital: gasto ou investimento?”, “Quem é contra um hospital municipal?” e “Quando será entregue a 1ª etapa do hospital?”.
“Quem são esses elitistas, quem são esses conservadores, quem são esses retrógrados, que não se interessam pelo futuro da cidade, que querem que a Prefeitura pegue o dinheiro e coloque embaixo do colchão? O dinheiro público existe para investir, para investimento e não gasto. Investimento em benefícios para a população sofredora da cidade”, diz ele, em um dos vídeos.