De volta ao Boteco, o ex-centroavante Nílson recorda curiosidades da chegada ao Corinthians e da briga com Luxemburgo no Palmeiras.
Boteco – Como foi sua chegada ao Corinthians?
Nílson – Eu fiz um jogo no Brasileiro de 92, a Lusa ganhou de 3 a 2 no Pacaembu, eu fiz os três gols. O Mateus (ex-dirigente Vicente) falou: “quero você no Corinthians”. E eu tava acertado para ir embora pro México, Vera Cruz. Falei: “meu empresário é o Juan Figger e eu já tô com contrato para daqui 20 e poucos dias eu ir embora”. E ele: “quanto você vai ganhar lá?”. Eu falei o valor. Ele disse: “eu pago igual”. Aí meu empresário falou: “o que vamos fazer?”. Eu falei: “fala que quero casar pra ir e minha noiva não quer casar agora e solteiro não vou”. Aí meu empresário conversou com os caras e eu fiquei no Corinthians.
Boteco – Muitas curiosidades com o Mateus?
Nílson – Na época fazia o negócio na casa dele, no Tatuapé, do lado do Parque São Jorge, fiz o contrato, ele falou: “daqui dois dias, você vem aqui, que vamos descer para tocar a sirene”. Na época quando chegava um jogador de nome, tocava a sirene no Corinthians. Aí descemos, a torcida não sabia que era eu. Só falou: estamos trazendo um atacante de seleção, eu tinha passado pela seleção. E a torcida esperando pra ver quem era. Abriu o portão, começou a tocar sirene, desceu o Nilsão, show de bola (risos).
Boteco – Alguma curiosidade com o Luxemburgo?
Nílson – Como treinador, fantástico. Sabe te mostrar aonde você vai tomar o gol, onde você vai perder se você não fizer o que ele está falando e realmente acontece. Isso quando quer ser treinador, quando quer se intrometer em tudo, não é nem um e nem outro. No Palmeiras, tive uma briga com Luxemburgo, acabamos discutindo, ele não queria trabalhar mais comigo, eu não queria trabalhar mais com ele, chegou no final do ano, a diretoria me liberou.
Boteco – Como foi a confusão?
Nílson – Era época da Parmalat, já estava no final, quebrando, devendo salários. Foi quando contratou Djalminha e Luizão. Aí repórter veio me falar que tava contratando o Luizão. Eu falei: “não tem problema, o que tiver melhor joga. Luizão é um bom centroavante, goleador, não conheço pessoalmente”. E o cara foi pra ele e falou que eu disse que não era pra ter contratado o Luizão. Aí o Luxemburgo reuniu todos no vestiário, ele gosta de humilhar, aí começou a detonar, me colocar lá embaixo. Falando que ele era o treinador, que contratava quem quisesse. Aí eu queria falar que não era aquilo, ele falava: “tô falando eu”. Me detonou perante o grupo. Quando terminou, falei: “agora vou falar”. E comecei a explicar o que eu tinha falado. “Não falei porque eu não queria que tivesse contratado. Eu falei que Luizão era um grande jogador, que não conhecia e quem fosse melhor jogaria”. Só que a Parmalat tinha dois ou três meses de atraso com a gente e ninguém falava e eu falei: “a Parmalat dizia que não tinha dinheiro, então se tem, tem que pagar. De uma hora pra outra aparece dinheiro”.
Boteco – Você tinha falado isso pro repórter?
Nílson – Falei pro Luxemburgo. Aí ele queria falar, eu falei: “agora to falando eu”. Também sou meio casca-grossa. Aí falei: “Se você quiser trazer o Túlio, pode trazer, vamos brigar os três”. Aí chegou no final do ano, me sacou do time, botava cinco minutos, outro jogo botava pra aquecer o segundo tempo todinho e não colocava pra jogar. Aí as relações se romperam e fui pro Vasco.
Boteco – Nílson volta para abordar a paixão pela noite, contar quem foi seu melhor parceiro de ataque e falar porque não jogou no São Paulo, seu time do coração.