sábado, abril 19, 2025
INICIAL☆ Capa EsporteNilton Cadan recorda as "furadas" em antigas exibições de jiu-jitsu

Nilton Cadan recorda as “furadas” em antigas exibições de jiu-jitsu

Mestre de jiu-jitsu, Nilton Cadan recorda os tempos de atleta e as enrascadas em apresentações da arte marcial.

Boteco – O que você lembra de mais curioso na carreira?

Cadan – O que mais marcou foram as apresentações. O jiu-jitsu não era conhecido quando eu comecei a treinar com o Saraiva, garoto ainda. A gente fazia muitas apresentações para divulgar e eram uma furada para gente. O Saraiva montava essas apresentações em parques, praças e gente ia meio que de cobaia, para tomar uma surra para mostrar pros outros como era. E uma delas, em Poços de Caldas, na inauguração de um parque, comecinho de 90… Chegamos, todo mundo esperando para apresentação que estava no cronograma, um negócio bem organizado, só que não tinha tatame (risos). E a gente sabia que o Saraiva ia derrubar muito forte. “Mas, mestre, não tem tatame”. “Campeão, eu ensinei você a cair desde pequeno, tem que cair no duro mesmo, se vira”. Ah, e jogava a gente por cima da cabeça, até estalava no chão. E o público: ohhhhh. Aquilo doía na alma. Outra apresentação foi em uma das inaugurações do Horto, década de 80. E o Saraiva selecionou os dois mais graduados, eu e o Cláudio Palma, que ia fazer uma demonstração de boxe, que a gente treinava luta geral e tinha o boxe que eu odiava, mas tinha que fazer. Então combinamos antes, porque boxe machuca, né, cara? Jorra sangue se pegar.

Boteco – Era tudo com o Saraiva as aulas?

Cadan – Tudo com Saraiva, fechava aquela porta, era vale-tudo, você aprendia a se virar. Jiu-jitsu raiz mesmo, jiu-jitsu, defesa pessoal, judô, como era campeão de boxe, ele foi vice brasileiro, ele ensinava a vivência do boxe. Na época, não era MMA, era vale-tudo. E nessa apresentação, combinei com o Palma: “Vamos bater mais na luva para o público ver como que é, senão, vamos levar à vera”. Aí ele: “Não pode mesmo, porque eu coloquei aparelho, não posso tomar soco na boca”. “Beleza, a gente bate na luva, esquiva, bate na barriga”. Era uma luva grande. O tatame no meio de um gramado lá e o público em volta, colado. No que nós tocamos a luva, ele encheu a mão na minha cara, mas mandou eu de costas no chão. Aí amigão, fechou o tempo.

Boteco – Mas ele fez de propósito?

Cadan – De propósito, na maldade (risos), me deu uma bifa na cara. Eu só sei que no final, o Orlando tentando separar nós dois, eu grudando e dando soco na boca dele.

Boteco – Virou luta de verdade?

Cadan – Virou uma briga, hoje a gente ri, somos grandes amigos, mas na época… O público ficou assustado, não ganhamos nem um aluno com isso, pelo contrário, as mães que tinham as crianças pequenas lá acabaram tirando.

Boteco – Mas, daí, você acertou a boca dele?

Cadan – Nossa, cortou tudo a boca dele, você perde a noção, narizão sangrando. Depois, chegou na academia, Saraivão só queda em nós, 10 quedas cada um, castigo. Quando aluno, eu só me ralava nas apresentações. Depois virei professor e uma das apresentações que eu fui fazer, eu falei: dessa vez, vou bater um pouco, só apanhei minha vida inteira. Fomos convidados para fazer na escola Cleusa, no Aterrado. Levamos o tatame, montamos no palquinho e comecei a mostrar os golpes. Levei o Rafael, aluno meu, e o Rafael é metade de mim, pequeno, faixa preta, casca grossíssima. Mas eu fazendo os golpes, tal, de repente, a criançada: “Mas só o pequeno apanha?”. “Não, gente, eu sou professor”. “Mas ele não sabe bater?”. Resultado: tive que acabar apanhando para a criançada ficar feliz. Então, apresentação não é pra mim, só me lasco, evito fazer hoje em dia. Mas foi engraçado.

Boteco – Cadan volta para relembrar curiosidades do título de campeão mundial e de um bronze no Pan-Americano.

RELATED ARTICLES
- Advertisment -

Most Popular

Recent Comments