sexta-feira, setembro 20, 2024
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Nino relembra o duelo contra o Rei Pelé, em jogo Noroeste x Santos

Em novo papo no Boteco, o ex-atacante Nino recorda a expectativa de encarar Pelé em um confronto entre Noroeste e Santos pelo Campeonato Paulista, na década de 60.

Boteco – Como foi a chegada ao Noroeste?

Nino – Do São Paulo de Londrina, eu fui pro Noroeste, de Bauru. Recebeu (o São Paulo) do Noroeste 1.400.000 cruzeiros, em 1965. Fiz uma carreira boa também no Noroeste.

Boteco – Muitas histórias no Noroeste?

Nino – Joguei contra o Pelé, Santos e Noroeste, em Bauru, todo mundo sabendo que ele tava machucado, então nós: o Pelé não vai jogar. E o pai do Pelé é de Bauru e jogou no Noroeste. Ele (Pelé) tinha 10 anos, eu não vi, mas já treinava com o pessoal do Norusca e arrebentava com os treinos, dizem. E nós concentrados, treinando para caramba. E aí já tava no meio da semana, ia jogar no domingo, todo mundo falando: o Pelé tá com o pé machucado. O pai dele morava em Bauru ainda e ele (Pelé) chegou lá, esperando o Santos no fim de semana. E nós sentados na porta da concentração. Como o Pelé tinha muita entrada no Norusca, ele, com gesso no pé, chegou lá sozinho. Chegou com um puta de um carro, todo mundo babando naquele carro. Ele era amigo de um cara que era profissional do Noroeste. Ele gostava de tocar violão e chamar o cara para pescar. E nós sentados ali, ele desceu do carro, chamou o amigo: “vamos pescar comigo. Mas antes vamos tocar um violãozinho”. Sentou na porta ali.

Boteco – E os jogadores? Ele cumprimentou?

Nino – Todo mundo, gente fina, educado. E aquele pezão e alguém perguntava: “E domingo? Como vai ser?”. “Acho que não vai dar para jogar, um fdp do cara me deu um pisão”. Aí começamos a treinar mais forte ainda, Pelé não vai jogar. Chegou no sábado, nós vimos o carro dele parado em frente o Ginásio de Esportes. Tinha uns menininhos ali. “Vai lá ver o que o Pelé tá fazendo aí”. A hora que o moleque voltou: “Ele tá jogando lá no ginásio, no meio da molecada”. Aí nós subimos tudo correndo pra ver. Já tava dando cada puta cacete com o pé ruim. Aí os caras brincando, os mais chegados, o que gostava de tocar violão e pescava junto tinha mais moral com ele. “Negão, você falou que tava machucado, agora aparece aí”. “Não, mas não tô bom ainda”. “Você não tá bom, dando chute desse jeito? Que você não tá bom, você tá é fingindo”. “Não, eu não fingi. Melhorou o pé. Eu tô aqui para ver se tá bom o meu pé, se dá para jogar amanhã, agora eu tô sentindo que vou jogar”. “Você vai jogar mesmo, Pelé?”. “Bom, tô chutando, mas não sei”. Ele não fala. Aí a coisa baixou na turminha do Norusca.

Boteco – E você tinha vontade de jogar contra ele?

Nino – Tinha, claro. Aí vamos dormir mais cedo, não toma cerveja, concentração. No outro dia, acorda, toma uma injeçãozinha. E quando o Pelé saiu dali, no sábado, ele deu entrevista que provavelmente iria jogar. O campo lotou, saindo gente pelo telhado de tanta gente.

Boteco – Você fez alguma jogada nesse jogo?

Nino – Eu, para sentir o Pelé… O goleiro chutou, a bola veio alta. Para pegar a bola, eu corri no meio campo. E ele deu uma matada no peito que a bola grudou no peito dele, não sei como que pode grudar daquele jeito, normalmente a bola bate e cai. Mas, não, a bola grudou e eu encostei nele e a bola não saía. Ele entortava tanto o corpo que a bola não descia, a hora que eu vi, ele deu a volta e sumiu, não vi mais o Pelé, em cima da risca. Até pensei que a bola ia sair, ele não deixou, dominou com o pé em cima da risca e pôs a bola um pouco pra frente.

Boteco – Nino volta, no último capítulo de suas histórias, para revelar o desfecho curioso de Pelé no jogo contra o Noroeste e recordar um duelo chuvoso diante do Corinthians.

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