
O vermelho do tomate, o verde do alface e o amarelo da banana fazem companhia para um colorido responsável por chamar atenção, fugir do convencional e completar algo que parecia simplório. Se antes, as tradicionais feiras do produtor, enraizadas na história da agricultura brasileira, tinham como base uma imensa variedade de verduras, frutas e legumes, o leque de opções ganha a companhia de alimentos no paladar do povo. Doces, tortas, bolos, bolachas, goiabadas, fubá, pamonha, salgados, lanches, pastéis, temperos e até feijão transformam as feiras em verdadeiras padarias e supermercados. Tal realidade, que vai de encontro às necessidades do cliente, podem ser vistas em Mogi Mirim.
O POPULAR esteve na Feira Noturna, realizada no Espaço Cidadão, na última quarta-feira, e pôde constatar in loco o “boom” da gastronomia. Comprar e levar para casa se tornou comum dentro da feira: a moda agora é ir, escolher a opção e se deliciar ali mesmo, ao melhor estilo bar ou restaurante.
De longe, o cheiro já marca território e aguça o desejo em saborear uma guloseima parte da cultura da gastronomia brasileira.
Na Barraca da Pamonha, pode se encontrar de tudo um pouco, no que diz respeito a derivados de milho. São bolos, pães, doces caseiros, canjica, arroz doce, doce de abóbora, doce de banana, cuscuz, tortas, rocamboles, cural, e claro, a pamonha, carro chefe da casa, e feitas na hora, visando levar ainda mais qualidade à boca do consumidor.

Parte da mercadoria é adquirida através de revendedores, mas a grande maioria produzida em família. Entre eles, Rafael Pozzolini Ribeiro, que entre um preparo e outro, atendeu a reportagem. “A gente viu a possibilidade, acreditou nisso, conversamos entre nós e resolvemos arriscar. A ideia foi dada pelo meu irmão, deu certo e estamos até hoje, já vão fazer seis anos. Sempre temos o mesmo produto, não mudamos”, explicou.
Sem revelar a quantidade, indicando que varia semana a semana, Rafael confirmou que a pamonha é a líder de vendas, baseada em um trabalho que leva a qualidade como fator primordial. “Eu gosto muito de interagir com o público, sempre tem os probleminhas, como todo serviço, mas gosto de atender o cliente para ele voltar na outra semana, e não vir uma vez só. O segredo é a qualidade”, disse.

Perto dali, a barraca de Arnaldo Elias, o Pernambuco, traz um pouco do Estado para Mogi Mirim. De simpatia ímpar, apresenta a farta gama de feijões, cerca de 30, além de doces, biscoitos, rapaduras, doce de leite, goiabada cascão e massa de tapioca, de longe, o produto mais procurado em seu reduto. Por quarta-feira, são comercializados de três a quatro baldes, com oito a nove quilos da iguaria. Tem ainda pimentas, biscoitos, cuscuz e bolachas tradicionais, vindas diretamente do Recife. De dar água na boca.
A casa dos temperos
De sorriso fácil, o produtor rural Tadeu Luiz Bianchi tem na feira noturna a mescla de trabalho e hobby. Fugindo do padrão, vende cerca de 60 temperos. Para todos os gostos. Distribuídos em baleiros, colorem os olhos, saciam o paladar e desperta até a vontade de cozinhar. Orégano, pimenta branca, pimenta calabresa, pimenta do reino, pimenta síria, pimentão seco, tempero baiano, quento, alho frito, alho branco, chimichurri, açafrão, tempero para arroz, feijão, cebola, vinagrete e outros tantos.
Tudo é comercializado em pacotinho de 300 gramas, e responsável por levar a seu comércio, por quarta-feira, cerca de 500 pessoas. A ideia veio após comparecer a uma feira do produtor em Engenheiro Coelho, notar um vendedor de temperos, resolver arriscar, comprar uma pequena mercadoria e começar a vender em outra feira de Mogi Guaçu. Era a deixa para deslanchar. “O tempero é o básico da alimentação da população, atrai muito interesse. Deu certo”, festejou.

Para ele, os momentos vividos na feira são de grande valia, aproveitados ao máximo. “Vale a pena estar aqui, moro aqui perto, (no bairro da Santa Cruz) e procuro aproveitar. O bate-papo, a conversa, o babado com o pessoal. Tem que brincar um pouco”, comentou, em meio a risos.
Queijos
Quem não se encanta com um belo queijo? De longe, já chama a atenção e se torna quase impossível não parar, perguntar o preço e levar para casa. Tal situação é rotina na barraca de Ronaldo Mauck, produtor rural há dez anos. Os queijos fazem companhia a goiabadas, fubás, bolacha, bananas, tomates, entre outros.
Ele, que vive em Itapira, viaja para Mogi Mirim todas as quartas-feiras, transporta os ferros e lona que originarão sua tenda e afirma: as opções pesam na hora da compra. “O diferencial atrai, quanto mais diversidade tem, melhor”.
Indagado se consegue imaginar vê-lo longe da feira, responde com a mesma rapidez que atende um cliente. “É mais do que um trabalho, não me imagino longe nunca”, admitiu.
Hoje, a Feira Noturna conta com 43 barracas, sendo 24 dedicadas apenas à alimentação. Em 2013, primeiro ano da feira, em projeto lançado ainda na gestão do ex-prefeito Gustavo Stupp, eram 24 barracas. De acordo com a Secretaria de Agricultura, 400 produtores rurais aguardam uma vaga no cadastro reserva para comercializarem seus produtos no local.
