sexta-feira, novembro 22, 2024
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Nota zero em redação do Enem assusta e preocupa

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado em todo o país em novembro, trouxe mais um dado negativo para a Educação no país. O anúncio de que 529.373 candidatos tiraram a nota zero na redação, frente apenas 250 que conseguiram a nota máxima, em um universo superior a 6,1 milhões de candidatos, causou espanto, e despertou ainda mais incertezas quanto ao nível educacional oferecido atualmente no Brasil. O POPULAR conversou com profissionais da área, que mostraram pessimismo e muita preocupação.

O tema da redação foi ‘Publicidade Infantil em questão no Brasil’. Professora de língua portuguesa há 19 anos, e com experiências em Guarulhos e Mogi Mirim, Hirlei Felicidade Assunção Magalhães considera que o tema não era complexo, e escancarou a falta de conhecimento de inúmeros candidatos. “Era um tema atual, acredito que a maior dificuldade foi o aluno entender o que o tema exigia. Faltou entendimento do tema e a bagagem cultural. Como (o aluno) vai escrever sobre um tema que não está ciente?”, indagou.

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Entre mais de 6 milhões de candidatos que prestaram a prova, apenas 250 tiraram a nota máxima. (Foto: Arquivo)

O pensamento é justificado pelo baixo interesse dos estudantes na busca pelo conhecimento e estudo. AS críticas recaem também no trabalho dos próprios professores. “O governo finge que oferece Educação, os pais fingem que está tudo bem e os professores deixam a desejar no incentivo à escrita e à leitura. Falta conhecimento de mundo (ao aluno), hoje ele não lê um jornal, uma revista. Mas lê o que é bom para ele”, opinou, complementando. “A mudança deve ser feita em conjunto, o nosso regimento educacional é muito ruim, precário”, completou.

Assusta

Professora de Língua Portuguesa no ensino fundamental e médio na Escola Estadual Monsenhor Nora, e com experiência em curso pré-vestibular no Colégio Anglo, Renata Aparecida Dias branco segue a linha de Hirlei, e confessa que o resultado a espantou. “Assusta, e bastante. Falta conhecimento em relação à estrutura (gramatical) e ao vocabulário. Hoje se lê pouco, o aluno se informa muito rápido, não tem profundidade na discussão”, destacou.

Renata relata que promoveu em sala de aula diversas simulações do tema da redação, e não acreditava em algo ligado à publicidade infantil. Ela aguardava temas como a falta de água no estado, questões políticas, Copa do Mundo ou alcoolismo na adolescência. O uso cada vez mais acentuado da linguagem vista nas redes sociais dentro da sala de aula é mais um fator de preocupação em seu entendimento. “O problema é que hoje eles só estão usando essa linguagem eletrônica, o adolescente não se desliga desta linguagem. Falta uma leitura contemplativa, pegar um livro, um jornal, uma leitura mais cuidadosa”, pontuou.

 Outros anos

Em 2014, entre os que zeraram a redação, 13.039 copiaram textos motivadores da prova; 7.824 escreveram menos de sete linhas; 4.444 não atenderam ao tipo textual solicitado; 3.362 tiraram zero por parte desconectada e 955 por ferirem os direitos humanos. Outras 1.508, por outros motivos.

A correção da prova de redação leva em conta cinco competências: domínio da norma padrão da língua escrita; compreensão da proposta de redação; capacidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista; conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação e elaboração de proposta de intervenção para o problema abordado.

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