Assim como nas mais diversas áreas da cidade, a mudança de governo por si só é capaz de gerar a esperança de alterações positivas também no Esporte, embora alguns fatores possam ser considerados desanimadores nos primeiros movimentos de peças de Carlos Nelson Bueno no planejamento de sua próxima gestão.
A não permanência do secretário de Esportes, Dirceu Paulino, foi a primeira notícia negativa. A confirmação do discurso de campanha de que trocaria todos os secretários de Gustavo Stupp, como uma forma de deixar a população tranquila ao demonstrar afastamento do atual gestor, caiu na armadilha da generalização, ignorando exceções positivas.
Além disso, a escolha pelo nome de Marcos Antônio Dias dos Santos, o Marquinhos, presidente do PSDB, remonta aos tempos antigos da gestão de Carlos Nelson, que pouco fez para o Esporte. Marquinhos é bem intencionado, interessado e dedicado, mas não demonstra a mesma amplitude de visão de Dirceu. Ex-jogador de vôlei, Dirceu teve a oportunidade de rodar o mundo e aprender a cultura esportiva em países europeus, com uma mentalidade diferenciada, algo que está na essência de seus pensamentos.
Apesar de todas as qualidades de Dirceu, mesmo assim o Esporte da cidade não teve grandes avanços, diante do orçamento limitado, motivado pela crise financeira e da não atenção devida ao setor por Stupp. Sem Dirceu, um passo atrás já é dado automaticamente, mas Marquinhos tem nas mãos a chance de fazer um bom trabalho.
Uma medida positiva do novo secretário seria ter a atitude que Dirceu não teve, de romper totalmente com o repasse de verbas à Liga de Futebol Amador de Mogi Mirim (Lifamm). Responsável pela promoção de campeonatos, a Liga recebe anualmente um valor da Prefeitura, que girou em torno de R$ 72 mil em 2016, embora uma parte ainda esteja atrasada. No entanto, o futebol amador já provou ser capaz de organizar campeonatos sem precisar de dinheiro público, com custeio das taxas de arbitragem e premiação pelos próprios clubes ou patrocinadores.
Embora o valor possa parecer ínfimo para os padrões de um governo, romper seria positivo na medida em que deixaria de priorizar um esporte que consegue caminhar com as próprias pernas. Além disso, por menor que seja, este valor poderia ser investido em outros esportes, que passariam a ser mais valorizados, mudando assim a visão da Prefeitura.
É sabido que alguns fatores fazem o repasse ser mantido. Um é o aspecto político, pois negar o recurso não é algo simpático aos dirigentes, muitos deles lideranças em suas comunidades. Outro ponto é a tradição do futebol amador, que Dirceu, por exemplo, não quis quebrar.
Marquinhos tem a oportunidade de aniquilar a continuidade do repasse e investir mais em outras modalidades, especialmente em iniciação. Seria um primeiro passo para oxigenar a esperança de uma nova fase para a área esportiva.